Colombina entre o sonho e o beijo

O teu beijo é tão doce, Arlequim…
O teu sonho é tão manso, Pierrô…

Pudesse eu repartir-me
encontrar minha calma
dando a Arlequim meu corpo…
e a Pierrô, minha alma!

Quando tenho Arlequim,
quero Pierrô tristonho,
pois um dá-me prazer,
o outro dá-me o sonho!

Nessa duplicidade o amor todo se encerra:
Um me fala do céu…outro fala da terra!

Eu amo, porque amar é variar
e , em verdade, toda razão do amor
está na variedade…

Penso que morreria o desejo da gente
se Arlequim e Pierrô fossem um ser somente.

Porque a história do amor
só pode se escrever assim:
Um sonho de Pierrô
E um beijo de Arlequim!

Na foto, uma anônima colombina no baile do pierrô, em de 1959. Esse amor que se completa, a multiplicidade do desejo … tomara que a foliã retratada, tenha tido sorte com seu quebra-cabeça humano e tenha preenchido o enorme vazio do seu coração.

A poesia acima , As Máscaras, foi escrita por Menotti Del Picchia. Filho dos imigrantes italianos que com cinco anos de idade mudou-se para a cidade de Itapira, interior de São Paulo. Foi diretor de A Noite e A Cigarra, entre 1920 e 1940, além de diversos outros jornais e revistas. Com Oswald de Andrade, Mário de Andrade e outros jovens artistas e escritores paulistas, participou da Semana de Arte Moderna Foi um dos mais combativos militantes da estética modernista. Morreu em São Paulo, no dia 23 de agosto de 1988.

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