Parece carnaval mas não é, o que é? É farra com dinheiro publico. Na foto, o governador Sérgio Cabral, alguns de seus secretários e o empresário Cavendish, no Clube Inglês em Paris, em 14 setembro de 2009, aparecem com guardanapos de pano branco amarrados na cabeça. O motivo da festança era homenagear o governador por ter recebido a famosa Légion d`Honneur mais alta condecoração do governo francês. No grupo estão o secretário de Saúde, Sérgio Côrtes, e o de governo, Wilson Carlos.

Foi de Sérgio Cortes a ideia dos guardanapos da cabeça. Em entrevista as páginas amarelas, da revista Veja, disse: Aí me veio a ideia de dançar com guardanapo na cabeça. Acho que tinha visto uma cena igual dessas no Pulp Fiction, do Tarantino. Falei do filme, com o pessoal da mesa, começamos a brincar, outros se juntaram. De repente, muita gente estava fazendo. Não deveria ter feito isso. Era uma festa, perdemos o limite.

Sérgio Côrtes foi preso na operação Fratura Exposta, em 11 de abril de 2017. Segundo denúncias, todos os contratos da secretaria de saúde da era Cabral, desviavam 5% para o governador, 2% para o titular da pasta, 1% para os conselheiros do Tribunal de Contas do Estado, 1% para o esquema de corrupção e 1% para o autor da delação César Romero Viana. Admitiu ter recebido até R$ 150 mil anuais em vantagens indevidas e US$ 5 milhões na Suiça para financiar uma eventual candidatura.

Em fevereiro de 2018, o ministro Gilmar Mendes, decidiu libertar o ex-secretário de Sérgio Cabral.

Wilson Carlos, ativo interlocutor de parlamentares, está preso no Paraná por suas íntimas ligações com o propinoduto da Petrobrás. .Amigo íntimo de Sérgio Cabral desde os tempos de estudante, teria recebido R$ 834 mil de uma empreiteira que fez obras do Metrô. Ele está preso desde novembro de 2016. Já foi condenado a penas que somam 71 anos e 9 meses.

Sérgio Côrtes foi preso na operação Fratura Exposta, em 11 de abril de 2017. Segundo denúncias, todos os contratos da secretaria de saúde da era Cabral, desviavam 5% para o governador, 2% para o titular da pasta, 1% para os conselheiros do Tribunal de Contas do Estado, 1% para o esquema de corrupção e 1% para o autor da delação César Romero Viana.

Em 23 de novembro de 2017, Georges Salada Rihan, que também aparece na fatídica foto, foi preso pela operação C`est fini (acabou, em francês) e solto um mês depois. Salada, ex-dono do serviço Poupa Tempo, é apontado como operador financeiro da organização criminosa comandada por Cabral.
O único que aparece na foto e está em liberdade é o ex-secretário municipal de urbanismo Sérgio Dias, contra quem não há nada que indique participação no esquema liderado pelo ex-governador.

O jantar no Champs-Elysees, foi oferecido por um português que tinha interesse em investir na privatização do saneamento básico do Rio.

No evento também estavam presentes Carlos Arthur Nuzman, presidente do Comitê Olímpico Brasileiro, e Joao Havelange, ex-presidente da CBF e membro do Comitê Olímpico Internacional (COI) à época. Para a Procuradoria da República o evento pode ter sido uma comemoração antecipada da vitória do Rio para sediar os Jogos Olímpicos de 2016.

Na manhã anterior e na manhã seguinte à farra, aconteceram duas reuniões técnicas, no salão de convenção de um hotel em Paris, para discutir a apresentação da candidatura do Rio aos Jogos Olimpicos.

A imagem gerou protestos e entrou para a história como a “Farra dos Guardanapos”. A divulgação dessa imagem, publicada no blog do ex-governador Garotinho, teve um efeito devastador na trajetória política do chefe do executivo carioca.

Foi nesta viagem que Cavendish pagou um anel de R$ 800 mil reais para Adriana Ancelmo, na famosa joalheria Van Cleef & Arpels. Cavendish também aparece com o guardanapo na cabeça. O empreiteiro dono da Delta chegou a ser preso e tornou-se delator na Lava-Jato. Confessou ter pago propina a Cabral.
Em 2011, mais um episódio que demonstra a estreita relação entre o empreiteiro e o governador. Brigado com a mulher, Cabral resolveu viajar para Bahia, onde participaria da festa de aniversário do empresário.

O então governador, embarcou no aeroporto Santos Dumont, no Rio em jato do empresário Eike Batista, para Porto Seguro. Ele estava acompanhado de Cavendish e sua família. Lá, pegariam um helicóptero até Trancoso. Ao fazer o primeiro translado, levando só as mulheres e crianças, o helicóptero caiu, matando sete pessoas.

Cavendish foi preso na operação saqueador e cumpre atualmente prisão domiciliar.

Em 16 de novembro de 2016, o ex-governador foi levado pela polícia federal (operação Calicute) para o presídio de Bangu 8. Recebeu pena de 45 anos e dois meses por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e pertencimento a organização criminosa.
Cabral acumula oito condenações – sete delas proferidas pelo juiz Marcelo Bretas e uma por Sérgio Moro _ que totalizam mais de 234 anos de prisão.

No apartamento de Sérgio Cabral, os investigadores contaram 20 ternos Ermenegildo Zegna su misura – o termo se refere ao processo de alfaiataria da marca italiana. O nome de Cabral está bordado neles. Na loja, um desses varia entre R$ 18 mil e R$ 140 mil reais.

Cabral e sua mulher tiveram suas penas reduzidas por terem aberto mão de alguns bens, entre eles a mansão em Mangaratiba, leiloada por R$ 6,4 milhões. Além do imóvel, já foram arrematados três carros blindados do casal, um jet boat e um jet ski, pelo valor total de R$ 620,5 mil.
Dois apartamentos da ex-primeira-dama em Ipanema foram leiloados por um total de R$ 5 milhões.

Nos cofres públicos do Rio estão faltando R$17 bilhões para que haja equilíbrio. O esquema de corrupção revelado pela operação Calicute fala em R$ 224 milhões desviados… Os milhões da corrupção produzem os bilhões dos desequilíbrios fiscais porque toda a administração passa a girar em torno da lógica do crime. Para que todo o esquema funcione, é preciso retirar transparência, não prestar contas, tornar todos os números opacos. As decisões passam a ser determinadas pela corrupção… (Miriam Leitão, O globo,20/11/2016).

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