Eike Batista, o símbolo de uma Era

No início dos anos 2000, o empresário Eike Batista era mais conhecido como marido da modelo Luma de Oliveira – embora já fosse milionário. Na foto publicada, vemos o grande gestor, pela primeira vez no sambódromo em 2001, acompanhando de sua esplendorosa consorte.

Assistiu no sambódromo, palco da grande ópera popular, ao desfile de enredos que em nada superariam a sua inacreditável história de vida.

Em apenas uma década, ele subiria de status, mais precisamente em 2012, quando a revista Forbes o colocou como o sétimo homem mais rico do mundo, com uma fortuna estimada em US$ 30 bilhões.Como chegou tão rapidamente ao topo?

A Nova Matriz Econômica da presidente Dilma concedeu incentivos fiscais e transferiu para o BNDES o equivalente a dez por cento do PIB com o objetivo de subsidiar grandes empresas, por meio do Programa de Sustentação do Investimento (PSI).

O BNDES foi utilizado para transferir dinheiro público para as empresas escolhidas pelo governo. O Estado brasileiro concedia crédito barato para empresários escolhidos pelo governo. Eram os chamados “campeões nacionais” – empresas brasileiras que receberam generosos financiamentos para se tornarem companhias de atuação global.

Dentre os escolhidos, Eike, o campeão dos campeões, o exemplo de empresário nacional. O grupo empresarial EBX teria recebido R$ 10 bilhões do banco estatal para tocar seus projetos.

Em troca das benesses governamentais os empresários eleitos pagavam propina a agentes públicos, davam agrados a autoridades (como a cessão de jatinhos para viagens) ou faziam doações eleitorais a políticos em troca de facilidades nos contratos com o governo e estatais.

Eike vendia vento num país imaginário criado pelos governantes da época, o que pode ser comprovado com o fato que desencadeou a derrocada do império X: no mesmo ano em que apareceu na lista da Forbes, 2012, se descobriu que os poços de sua petroleira, especificamente o campo Tubarão Azul, na Bacia de Campos, produziam um quarto do inicialmente avaliado! Era o início do fim. As ações da petrolífera despencaram e mergulharam as demais empresas do grupo numa profunda crise de confiança.

Para piorar a fonte secou, seja em função das investigações da Lava Jato ou da crise de caixa do governo, as “campeãs” passaram a ter de andar com as próprias pernas.

No final de janeiro de 2017, a polícia Federal desencadeou à Operação Eficiência, vertente da lava-jato no Rio e identificou, entre muitas falcatruas, uma transferência de US$ 16,5 milhões, do megaempreendedor para Sérgio Cabral.

Cabral e Eike se conheceram nas eleições de 2006, quando Eike, doou 400000 reais ao PMDB fluminense.

Quantas isenções fiscais? Que benefícios e facilidades o ex-governador concedeu ao empresário em retribuição à sua “generosidade “? A venda do terreno para construção do Porto de Açu por um preço bem abaixo do valor real? A Expulsão, com o auxílio da milícia, dos moradores locais em três dias?

Cinco anos após ser indicado como um dos homens mais ricos do mundo Eike Batista passou a procurado pela polícia.

Preso no final Janeiro de 2017, conseguiu habeas corpus, em abril do mesmo ano. O ministro do Supremo, Gilmar Mendes, ponderou que as acusações são graves. Mas isso, segundo Mendes, não é motivo para justificar que Eike fique preso. Segundo o ministro não há prova concreta de que Eike teria tentado atrapalhar as investigações. Acrescentou que os crimes supostamente praticados por Eike estão ligados ao grupo político do ex-governador Sérgio Cabral, que já não está no poder, e, portanto, não haveria chance de continuidade dos delitos.

Gilmar, explicou, ainda, que o empresário é suspeito de ter cometido corrupção ativa. Ou seja, ele pagava propina no suposto esquema. Portanto, a liberação dele não seria uma ameaça para se recuperar o dinheiro desviado, já que as quantias não estariam mais sob o domínio do empresário.

O campeão dos campeões entrará para a história como um símbolo de uma era marcada pela fraude.
Um enredo glamoroso, mas com uma evolução trágica: a história do vendedor de ar , num cortejo onde se misturam , inadvertidamente, alas de corruptos e corruptores, ganhou zero em harmonia e saiu sob vaias tonitruantes na passarela do povo.

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