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Nossos ídolos continuam os mesmos – Sonhos de Carnavais

Nossos ídolos continuam os mesmos

“Me diz que eu sou seu tipo/Me diz, neném, que eu acredito/Murmura baixinho que eu sou seu ideal/Coloca aquele vestido, tipo cupido/Vê se não brinca com a minha libido/Meu beija no ouvido/Nada faz sentido/Tudo arde/Me diz que eu sou seu tipo”…este é um trecho da canção, Seu Tipo, que dá nome ao álbum e ao show produzido por Ney Matogrosso, em 1979.

Não brinquem com a poderosa libido de Ney! Nos anos 70 quando os Secos e Molhados surgiram, Ney a utilizava como como instrumento de luta contra o preconceito e a ditadura. Em 1979, depois de anos de maquiagem pesada, roupas provocantes, pulseiras e adereços, Ney Matogrosso queria provocar os caretas de cara limpa e provar que conseguiria fazer sucesso. Fez.

Enquanto, o cantor tirou a fantasia para se apresentar, Gal Costa, ao seu lado na foto, se exibia sofisticadíssima no show Gal Tropical.

A baiana brilhava, Aos trinta e quatro anos, num dos shows mais importantes da história da MPB. Um divisor de águas, pois Gal abandonava o visual hippie e assumia uma postura de diva. O repertório do espetáculo era constituído de um resgate de pérolas esquecidas do nosso cancioneiro. Gal revirou o baú de Emilinha Borba, Carmem Miranda, Dolores Duram e apresentou um grande painel da nossa cultura musical.

Guilherme Araújo que idealizou e dirigiu o espetáculo da cantora era o produtor do baile de carnaval do morro da Urca, Sugar Loaf Carnival, onde os dois ícones da MPB foram fotografados, no exato momento em que a orquestra do maestro Zezinho executava a marchinha “Balancê”, sucesso do citado LP de Gal:… Eu levo a vida pensando/Pensando só em você/E o tempo passa e eu vou me acabando/No balancê, balancê…Entretanto, as músicas mais tocadas foram os sambas-enredos das escolas para o carnaval daquele ano, e “Vou Festejar”, sucesso na voz de Beth Carvalho.

O baile do Pão de Açúcar criado por Guilherme Araújo abriu o carnaval, durante quinze anos, na sexta feira que antecedia a folia. Debruçados sobre a baía de Guanabara, gays, socialites, celebridades do mundo artístico nacional e internacional usufruíam de um dos eventos mais bonitos da história dos bailes da cidade do Rio de Janeiro.

Na foto do post, Ney Matogrosso aparece trajando um exuberante índio estilizado, fantasia que se integrava perfeitamente ao tema da decoração. O cenógrafo e carnavalesco Fernando Pinto procurou reproduzir uma taba. Havia muito bicho de papel de estanho, madeira e palha.

Quatro décadas se passaram, Gal Costa e Ney Matogrosso, na casa dos 70 anos de idade, continuam produzindo shows e CDs transgressores.

Se na política o rei esta nú, e duvidamos de tudo e de todos, na música popular podemos afirmar, sem sombra de dúvidas, que nossos ídolos continuam os mesmos!

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Muitos Carnavais

Sou um amante do carnaval e da nossa cultura popular. Não sei precisar minha memória mais antiga da folia carioca. Mas tenho recordações muito antigas: Unidos de São Carlos desfilando pelas ruas do Estácio e seus sambas antológicos, sua ala de nobres, das baianas da Mangueira, da comissão de frente do Império no primeiro desfile que assisti – Alô alô taí Carmem Miranda. O Salgueiro com seus necessários enredos afros. Lembro do bloco de piranhas (de verdade) que saía da zona de prostituição do mangue. Lembro das negas malucas, do bafo da onça, do chave de ouro. A transmissão dos desfiles de fantasias pela TV, Wilza Carla, Elói Machado, Evandro,Bornay... E os bailes do Diabo? America até no carnaval (sou america). As negas malucas, a baianas com chapéu cônico. Saber de ouvir falar do baile do Municipal, Horrores,Enxutos. As caminhadas na Avenida Rio Branco com seus blocos do eu sozinho. Não sei se por nostalgia ou por vício do ofício , sou professor de história, mas é tudo isso que dança na minha memória quando penso em carnaval.