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Rogéria – Se eu não achar um caminho, eu faço um – Sonhos de Carnavais

Rogéria – Se eu não achar um caminho, eu faço um

Numa recente polêmica o cantor Johnny Hooker criticou a seguinte afirmação feita por Ney Matogrosso: ‘Que gay o caralho, eu sou um ser humano’. Para o Johnny “É inconcebível a afirmação feita por Ney Matogrosso, no país que mais mata LGBTs do MUNDO(!!)”.
Hooker pode discordar e argumentar o que quiser. O que falou, inclusive, faz bastante sentido. Entretanto, a carreira do hipster cantor pernambucano não o credencia a antagonista de alguém que lhe abriu o caminho.

Ney além de excelente cantor, construiu uma carreira em anos de chumbo, e resiste a passagem do tempo devido ao seu incontestável talento. Hooker ainda não disse a que veio.
Rogéria foi outra que pavimentou uma estrada de possibilidades. Se hoje nosso país se destaca pela violência contra homossexuais, imagine nos anos sessenta e setenta do século passado.

A Marylin gay atuou no primeiro espetáculo de travestis, “ les girls” encenado no nosso país. Filmou com grandes cineastas, Foi premiada por sua atuação no teatro com o Troféu Mambembe, foi jurada em programa de auditório na época em que travesti na TV era uma novidade, enfim ocupou espaços.

Gostava de se proclamar Johnny “O travesti da família brasileira” – e, de fato, alcançou uma aprovação inimaginável.

Numa declaração parecida com a de Matogrosso, Rogéria afirmava: – “Engajada? ” Eu preciso ser engajada? Eu sou o engajamento em pessoa! Se as outras travestis estão aí, agradeçam a mim, que sou uma bandeira.

Liniker, Pablo Vittar, Hooker tem muito a aprender com aqueles que menos preocupados em construir uma imagem com declarações politicamente corretas experimentaram com valentia a solidão dos pioneiros.

Aos setenta e quatro anos , no dia 4 de setembro, morreu , de infecção urinária, Rogéria.

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Muitos Carnavais

Sou um amante do carnaval e da nossa cultura popular. Não sei precisar minha memória mais antiga da folia carioca. Mas tenho recordações muito antigas: Unidos de São Carlos desfilando pelas ruas do Estácio e seus sambas antológicos, sua ala de nobres, das baianas da Mangueira, da comissão de frente do Império no primeiro desfile que assisti – Alô alô taí Carmem Miranda. O Salgueiro com seus necessários enredos afros. Lembro do bloco de piranhas (de verdade) que saía da zona de prostituição do mangue. Lembro das negas malucas, do bafo da onça, do chave de ouro. A transmissão dos desfiles de fantasias pela TV, Wilza Carla, Elói Machado, Evandro,Bornay... E os bailes do Diabo? America até no carnaval (sou america). As negas malucas, a baianas com chapéu cônico. Saber de ouvir falar do baile do Municipal, Horrores,Enxutos. As caminhadas na Avenida Rio Branco com seus blocos do eu sozinho. Não sei se por nostalgia ou por vício do ofício , sou professor de história, mas é tudo isso que dança na minha memória quando penso em carnaval.