No ano de 1954, a prefeitura do Rio confiou pela primeira vez, a um pintor de renome, Santa Rosa, a decoração da cidade para os festejos carnavalescos. `Não terá preocupação crítica de qualquer espécie a ornamentação, que obedecerá a motivos puramente momescos. Explorando motivos nacionais como a baiana, o malandro carioca, o morro, e combinando-os aos símbolos universais que se integraram ao carnaval brasileiro, como a Colombina.O romântico Pierrô etc,A equipe decoradora tudo fará à base de cor e movimento. Começando na Praça Paris, a ornamentação se estenderá pela praça Marechal Floriano, Avenida Rio Branco, Avenida Getúlio Vargas até a Praça Onze.De Parabéns estão, portanto, os cariocas, e naturalmente agradecidos ao diretor do Departamento de Turismo, que não poupa esforços para atender às aspirações dos que labutam duro 362 dias no ano e querem 3 para desafogar amarguras.`dizia o texto sem assinatura da Revista Manchete, 13/2/1954. O painel reproduzido tinha o seguinte texto `A mulata(mulher do malandro) e os `papais`, da lapa ao morro, cantam e dançam ao som das cuícas.`

Santa Rosa para desafogar as amarguras
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Muitos Carnavais
Sou um amante do carnaval e da nossa cultura popular. Não sei precisar minha memória mais antiga da folia carioca. Mas tenho recordações muito antigas: Unidos de São Carlos desfilando pelas ruas do Estácio e seus sambas antológicos, sua ala de nobres, das baianas da Mangueira, da comissão de frente do Império no primeiro desfile que assisti – Alô alô taí Carmem Miranda. O Salgueiro com seus necessários enredos afros. Lembro do bloco de piranhas (de verdade) que saía da zona de prostituição do mangue. Lembro das negas malucas, do bafo da onça, do chave de ouro. A transmissão dos desfiles de fantasias pela TV, Wilza Carla, Elói Machado, Evandro,Bornay... E os bailes do Diabo? America até no carnaval (sou america). As negas malucas, a baianas com chapéu cônico. Saber de ouvir falar do baile do Municipal, Horrores,Enxutos. As caminhadas na Avenida Rio Branco com seus blocos do eu sozinho. Não sei se por nostalgia ou por vício do ofício , sou professor de história, mas é tudo isso que dança na minha memória quando penso em carnaval. Ver todos os posts de Muitos Carnavais