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Miss Itália – Sonhos de Carnavais

Miss Itália

Miss Itália era Bruno Belli, um italiano nascido, em 1908, em Bolonha. Renasceu no Brasil, mas precisamente em Heliópolis, na Baixada Fluminense, como Miss Itália. “Há momentos em que me sinto mais triste, deprimido, revoltado, exasperado, desde quando comecei a perceber como a natureza tinha sido madradasta por ter me feito mulher num corpo de homem. Fiquei quase que odiando o resto da humanidade, que é normal. Eu, para o mundo, seria sempre anormal.” Afirmou Miss Itália a revista Manchete, em 1984.

Chegou em 6 de setembro de 1945, acompanhando a mãe e o padrasto, representante aqui de uma firma italiana. Bruno não demorou muito para descobrir que o Brasil era um país hospitaleiro. E ficou.

Durante o ano trabalhava como cabeleireiro e nos quatro dias de carnaval se transformava em Miss Itália. Tradicional concorrente nos concursos de fantasia do baile dos Enxutos. Miss Itália sempre foi muito esmerada em suas fantasias: eram todas belíssimos vestidos da Belle Époque, que ela mesmo bordava, e que traíam a sua origem europeia. Nos seus últimos anos de vida, já envelhecida, não concorria mais, era hors concours, mas nunca deixou de frequentar o carnaval carioca.

O carnaval era uma palavra mágica para Bruno, o que ele mais levava a sério na sua vida. Afinal, eram só quatro dias para brilhar… No resto do ano, a vida era igual. Ficava quase sempre em casa em Heliópolis. Pintada de rosa por fora e verde por dentro, morava praticamente num cômodo só, muito sujo e cheirando a mofo. Nas paredes, dezenas fotografias tiradas na Bélgica, França e Itália. Caixas com recortes de revistas onde aparecia sempre deslumbrante. No armário, dezenas de vestidos, cuidadosamente bordados, atestavam a glória de carnavais passados. Informações transcritas de uma reportagem de Rosane Rubin, Na revista Fatos e Fotos, de 4/3/1985.

Miss Itália morreu, em 17 de fevereiro de 1985, domingo de carnaval, aos 77 anos, de infarto agudo no miocárdio.

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Muitos Carnavais

Sou um amante do carnaval e da nossa cultura popular. Não sei precisar minha memória mais antiga da folia carioca. Mas tenho recordações muito antigas: Unidos de São Carlos desfilando pelas ruas do Estácio e seus sambas antológicos, sua ala de nobres, das baianas da Mangueira, da comissão de frente do Império no primeiro desfile que assisti – Alô alô taí Carmem Miranda. O Salgueiro com seus necessários enredos afros. Lembro do bloco de piranhas (de verdade) que saía da zona de prostituição do mangue. Lembro das negas malucas, do bafo da onça, do chave de ouro. A transmissão dos desfiles de fantasias pela TV, Wilza Carla, Elói Machado, Evandro,Bornay... E os bailes do Diabo? America até no carnaval (sou america). As negas malucas, a baianas com chapéu cônico. Saber de ouvir falar do baile do Municipal, Horrores,Enxutos. As caminhadas na Avenida Rio Branco com seus blocos do eu sozinho. Não sei se por nostalgia ou por vício do ofício , sou professor de história, mas é tudo isso que dança na minha memória quando penso em carnaval.