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O índex das fantasias proibidas no carnaval – Sonhos de Carnavais

O índex das fantasias proibidas no carnaval

Na Roma Antiga os dias do carnaval eram para se festejar Baco, fazer sátiras, críticas ao governo e governantes. Diz a lenda que o deus Saturno pregava a igualdade entre os homens. Escravos e seus senhores invertiam os papéis.

A inversão de papéis sempre fez parte da festa : pobre vira rico, rico se fantasia de pobre. Esta talvez seja uma das grandes transgressões dos festejos de momo que sobreviveu através dos tempos, entretanto, como nada dura para sempre a Terra gira e literalmente a máscara caiu.

Estudiosos afirmam que a opção em fantasiar-se não é imune ao contexto em que vivemos. Ninguém sai de fadinha impunemente…Portanto, na hora de escolher o seu disfarce para o entrudo, pense bem, vivemos tempos complicados.

Fantasiar-se de nega maluca, por exemplo, pode reforçar estereótipos. Por que motivo uma pessoa colocaria uma peruca black power e pintaria a cara para parecer negra, a não ser por um interesse claro em reafirmar os mecanismos de dominação e exploração perpetrados pelo patriarcado-racista-capitalista? Nega maluca não pode.

Se você pensou em sair de índio, cantarolando “índio quer apito“ , sinta-se a encarnação do malévolo general Custer, desista. Lideranças nativas já denunciaram que suas comunidades se sentem desrespeitadas com o uso de seus trajes por foliões alienados. A marchinha óbvio , já foi para lata de lixo da história.

Se não pode índio , não deve poder cigano também, outra minoria perseguida e dizimada mundo afora.

Pirata , nem pensar , um grupo de marginalizados que roubavam os espanhóis, que por sua vez saqueavam as Américas! Como ladrão que rouba ladrão tem cem anos de perdão, nada de debochar desses bandidos sociais dos mares!

Nem ladrão , nem polícia, não ouse se fantasiar de agente da repressão: camiseta ,calça preta, coturno e uma imitação de pistola airsoft no coldre, PM do BOPE sem chance! O folião ainda vai correr risco de virar estatística e levar uns tiros no meio do trajeto.

Homem fantasiado de mulher, jamais! Feministas afirmam que homens fantasiados de mulher reforçariam os clichês negativos do universo feminino. Ou pior: os rapazes poderiam utilizar-se da invertida indumentária como uma estratégia de aproximação com o sexo oposto, portanto, assédio um grande absurdo!

Casal de namorados que pensa em sair de Pedrita e Bambam, sem comentário deve procurar com urgência um apoio psicanalítico.

Parelha de amigos que se anima em encarnar o homem morcego e seu assistente, também enfrentará suas dificuldades. Para início de conversa quem vai ser o Batman ? Assumir a identidade da dupla dinâmica de Gotham City dá sempre confusão…além do desafio em encontrar um voluntário para o papel do Robin, o dueto acaba sempre levantando suspeita por onde passa, santa inocência !

Melhor pensar bem antes de escolher a sua fantasia para o próximo carnaval os tempos são outros e ,sem querer ser nostálgico, não dá para negar que nos carnavais de antigamente tudo parecia ser mais simples…

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Muitos Carnavais

Sou um amante do carnaval e da nossa cultura popular. Não sei precisar minha memória mais antiga da folia carioca. Mas tenho recordações muito antigas: Unidos de São Carlos desfilando pelas ruas do Estácio e seus sambas antológicos, sua ala de nobres, das baianas da Mangueira, da comissão de frente do Império no primeiro desfile que assisti – Alô alô taí Carmem Miranda. O Salgueiro com seus necessários enredos afros. Lembro do bloco de piranhas (de verdade) que saía da zona de prostituição do mangue. Lembro das negas malucas, do bafo da onça, do chave de ouro. A transmissão dos desfiles de fantasias pela TV, Wilza Carla, Elói Machado, Evandro,Bornay... E os bailes do Diabo? America até no carnaval (sou america). As negas malucas, a baianas com chapéu cônico. Saber de ouvir falar do baile do Municipal, Horrores,Enxutos. As caminhadas na Avenida Rio Branco com seus blocos do eu sozinho. Não sei se por nostalgia ou por vício do ofício , sou professor de história, mas é tudo isso que dança na minha memória quando penso em carnaval.