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Muitos Carnavais – Sonhos de Carnavais

PROSERPINA

Núcia Miranda conquistou, pela primeira vez, o primeiro lugar na categoria luxo e originalidade do baile no Theatro Municipal, do ano 1960, fantasiada de PROSERPINA. A concepção e realização da incendiária indumentária coube a Rene Brandão.

PROSERPINA é a deusa do submundo na mitologia romana. Também é considerada a deusa da agricultura, das estações, das flores, dos frutos, das ervas e da fertilidade. Na mitologia grega ela é chamada de Perséfone.

Filha de ZEUS, o senhor dos deuses e dos homens, e DEMETER, deusa da colheita e da fertilidade, Perséfone nasceu e foi criada no Monte Olimpo.

Como era muito bela, Perséfone chamou a atenção de muitos deuses. Virgem e protegida por sua mãe, ela foi raptada pelo seu tio, deus do submundo HADES enquanto colhia narcisos.

A partir desse momento, os alimentos e os campos foram atingidos pela tristeza de Deméter, deusa responsável pela agricultura. Receosos das consequências que isso poderia acarretar, os deuses logo interviram para encontrar sua filha.

Ao revelarem onde estava Perséfone, Deméter foi pedir a ajuda de Zeus. No entanto, Hades não permitiu o retorno de Perséfone. O deus do submundo ludibriou a deusa e fez com que ela comesse o fruto que selaria o casamento: a romã. E, como consequência desse ato, ela ficaria com ele um terço do ano.

Assim, durante os meses do outono, primavera e verão ela retornaria à Terra e ficaria ao lado de sua mãe. Nos meses do inverno, por sua vez, ela ficaria no submundo, ao lado de Hades.

Esse mito foi muito utilizado para explicar as mudanças das estações do ano. Assim, quando Perséfone estava ao lado de sua mãe, os campos floresciam. Por outro lado, no inverno, o solo ficava infértil e a falta de alimentos afetava a população. Isso refletia a tristeza de sua mãe quando ela não estava ao seu lado.

A fantasia foi toda bordada em alto-relevo, com chapéu tripartite e de chifre luminosos. Totalmente feita em pedrarias vermelhas, canutilhos, paetês franceses, capa em lamê metálico e chapéu de plumas. A capa tinha 10 metros, com vidrilhos e miçangas.

A desfilante carrega um Tridente. Na verdade, o rei do Hades, carrega um cetro de dois dentes na mão esquerda, simbolizando a vida e a morte. Na mão direita, segura a coleira de seu companheiro canino de três cabeças, Cérbero, animal guardião dos portões do reino de Hades.

Acredito, que Rene optou, alterando na iconografia tradicional do deus do Hades, em carnavalizar a vestimenta de sua consorte apelando para o sincretismo: Plutão/Diabo, Hades/Inferno, e daí a opção pelo tridente. O garfo de três dentes e não de dois, que seria mais correto.

O equívoco e possibilidade de vários significados, representam genuinamente a antropofagia carnavalesca.

A fantasia custou setecentos mil cruzeiros. Sua confecção levou três meses e vinte e sete dias.

A bela vedete e atriz Núcia Miranda foi, por muitos anos, destaque nos concursos de fantasias carnavalescas. Namorou homens bonitos, como o jogador Bellini e o cantor Sílvio César.

Morreu em 2010 em Nova Iorque, onde residia.

Grande Rio, a campeã de 2022

É indiscutível a legitimidade da vitória da Grande Rio no campeonato de 2022. Após quatro vice-campeonatos (2006, 2007, 2010 e 2020) -, sagrou-se campeã do Carnaval 2022. Com o enredo “Fala, Majeté! As Sete Chaves de Exu”.

A força do seu enredo pavimentou o caminho para a realização de um grande desfile. O senso de oportunidade dos carnavalescos ao denunciar o racismo religioso mostra o quanto o desfile das escolas de samba pode contribuir no despertar da consciência e indignação na luta contra as injustiças. Foi uma aula de tolerância religiosa.

A Baixada Fluminense é historicamente um local onde os terreiros de religiões afro-brasileiras encontraram morada. Entretanto, nos últimos anos há registros de ataques ao espaço do sagrado dessas religiões. Terreiros de fé que deram origem as escolas de samba são incendiados, depredados.

A chave para o resgate foi EXU. Justamente aquele que tem a função de abrir os caminhos, que traz a prosperidade, que traz a fartura para casa. O manifesto contra a perseguição religiosa seria através de uma das mais perseguidas e incompreendidas entidades do Candomblé.
Mais um desafio, desfazer os equívocos em relação a um orixá que foi demonizado por uma equivalência sincrética equivocada.

O acerto do enredo resultou em um grande hino. Como o nome já diz – escola de SAMBA, e que samba a Grande Rio nos presenteou! O samba-enredo: “Fala, Majeté! Sete Chaves de Exu” é uma autoria de Gustavo Clarão, Arlindinho Cruz, Jr. Fragga, Cláudio Mattos, Thiago Meiners e Igor Leal.

“Boa noite, moça; Boa noite, moço!/Aqui na terra é o nosso templo de fé/Fala, Majeté!… ”

Samba que foi executado com excelência por uma bateria que se destacou, sob o comando do jovem mestre Fafá. A Grande Rio foi única escola que começou a apresentação com a bateria. Protagonismo que resultou na premiação de melhor bateria do ano pelo júri do Estandarte de Ouro.
A escola também levou para Baixada os troféus de melhor enredo, melhor escola, destaque do publico e o premio Fernando Pamplona.

A soma de muitos acertos resultou num espetáculo inesquecível. Parabéns, Grande Rio.

Obs. Atrás da Grande Rio, com 269,9 pontos, vieram Beija-Flor (269.6), Viradouro (269,4), Vila Isabel (269,2), Portela (268,1) e Salgueiro (268,3).

Escolas (de samba) com partido

Desconfie sempre de quem se diz neutro. Há sempre um desejo de impor a sua verdade por trás de quem se afirma isento.

Os poderes se comunicam e nos afetam. Ao abordar qualquer tema dialogamos com o poder instituído, político, partidário ou não.

Engenheiros, administradores atuam politicamente. Um médico ao se recusar a prescrever remédios ineficazes está fazendo política.

Manifestações culturais e artísticas ocupam um espaço importante nesse dialogo com os poderes presentes em qualquer sociedade humana.

Em 2018, no desfile da escola de samba Paraíso do Tuiuti, no Carnaval do Rio, o presidente Michel Temer, foi representado na forma de um diabólico “presidente vampiro” no alto de um carro alegórico.

Uma ala com fantasias de ‘manifestantes fantoches’, ironizando os que foram as ruas para pedir o impeachment da presidente Dilma e mãos gigantes representando a mídia, , também fizeram parte do desfile da agremiação.

Em recente entrevista, um dirigente da empresa que dirige o certame, afirmou que a sátira ao então presidente custou o patrocínio da Caixa Econômica ao desfile das escolas de samba.

“A Liesa recomenda que as escolas não sejam tão agressivas porque o intuito do carnaval não é crítica e nem ato político. A Liga não tem bandeira e nem ideologia, não é nosso intuito fazer críticas a quem quer que seja, direita, esquerda, nada”, afirmou o presidente da entidade.

Uma manifestação artística para se manter viva tem que gerar incomodo, polêmica, tem que ter coragem de ousar, conversar com o seu tempo, fazer pensar, refletir.

Não existe escola sem partido, nem de samba!

Julie London, uma musa “ bossa nova” no carnaval de 1960

O carnaval de 1960 foi muito prestigiado por atrizes da maior indústria cinematográfica do mundo. Dentre as divas, Julie London,, considerada a melhor cantora americana durante três anos seguidos pela revista BillBoard.

Convidada por Jorginho Guinle para participar do carnaval do Rio de Janeiro, Julie London, além de atriz, era a cantora mais prestigiada do Estados Unidos , em 1960.
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O disco que revelou a intérprete era cheio de harmonias modernas , e exerceu forte influencia nos jovens que participaram do movimento da Bossa Nova.

No mesmo ano, outras três estrelas, hollywoodianas, de primeira grandeza disputaram os holofotes do carnaval carioca: Kim Novak, Linda Darnell, e Zsa Zsa Gabor. Uma verdadeira plêiade de beldades.

Infelizmente, das quatro estrelas, Julie foi a que menos brilhou. A cantora de olhos verdes ,tristes e com um sorriso enigmático era muito tímida. A mesma timidez que acentuava sua beleza, talvez explique por que quase não foi notada na sua passagem pelo carnaval mais animado do mundo.

Os foliões elegantes davam início a peregrinação carnavalesca no baile do Copa, no sábado. Domingo a opção era o baile do Hotel Quitandinha, segunda o Municipal e fechavam na terça com o clube do Clube Monte Líbano, na Lagoa.

O primeiro dos grandes baile, o do Copacabana Palace, no sábado, contou com a presença de Julie e Linda. Com um decote super ousado, London demonstrou interesse nas explicações sobre o significado do carnaval carioca proferidas pelo cronista social João Resende, que a acompanhou no baile.

Registro inusitado, foi o momento em que usou lança-perfume. Um folião chegou junto a mesa e ofereceu uma “prise”(uma cheirada) O lança-perfume era um composto de anestésicos que provoca uma superexcitação discreta, seguida de um estado de euforia. Dito e feito, a americana aspirou e gargalhou muito. Julie , mesmo que artificialmente, aparentava felicidade.

Todas as quatro representantes de hollywood marcaram presença no baile seguinte, o do Teatro Municipal. Zsa Zsa Gabor, de vestido claro, bordado de paetês prateados da casa Dior, estava coberta de joias, foi o centro das atenções até a chegada da estrela de “Vertigo”, Kim Novak. De branco e vermelho, desviou muito das atenções da atriz húngara. Linda Darnell, , de baiana amarela, revelou bastante animação. Segundo nota do jornal Correio da Manhã: “Julie London, apesar de simpática, apagadíssima”. Passou invisível.

Incrível uma mulher tão bonita e talentosa ficar invisivel. Sim. Ok, temos que admitir que era pouco conhecida por aqui, mas, London era um escândalo de beleza até para os padrões da época. Tecnicamente, bem mais bonita que as outras três estrelas.

A sensualidade cool, elegante, de Julie London ficou eclipsada diante da explosão blondie das atrizes americanas. Kim Novak , para citar a mais animada, fugiu do baile. De calça comprida, camisa folgada e uma grande máscara preta, incógnita, misturou-se ao grupo do sereno para assistir à saída do Municipal.

A morena Linda Darnell , também não negava fogo. Acompanhada de Julie, Darnell, se esbaldou no baile do Quitandinha. London novamente parecia fora do lugar. A cantora estava praticamente a rigor, vestida para uma festa de gala, nada de fantasia. Linda, por outro lado, sempre atenta ao dress code, estava de chinesa estilizada.

Será que o carnaval não fazia parte do seu jeito bossa nova de ser? Da cidade, parece ter gostado. A cantora voltou ao Rio em 1962 para se apresentar no golden room do Copacabana Palace e fez um extraordinário sucesso.

A saber: Cinco anos depois de sua vinda ao Rio, Linda Darnel morreu queimada num incêndio,Zsa Zsa Gabor morreu de velhice aos 99 anos. Kim Novak ainda vive e a nossa Julie London, sempre muito discreta, foi surpreendida por um ataque cardíaco, no ano 2000.

Mar de Luz

Clovis Bornay começou a concorrer aos prêmios de fantasia no baile do Teatro Municipal em 1937, alcançando a primeira colocação de luxo, feito que repetiu em 38 e 39. A partir de 1940 o concurso foi suspenso. Em 1958 foi reestabelecido e Clóvis concorreu com “Sonho de Rondon”, tirando primeiro lugar em originalidade.

No ano seguinte novamente tirava o primeiro lugar também em originalidade com o “Diabo dos olhos verdes”.

Em 1960, com a fantasia “Mar de Luz ” era escolhido como o primeiro prêmio esplendor de luxo. desfilou uma réplica do rico traje que o Xá da Pérsia vestiu na cerimônia de sua entronização . Esmeraldas, rubis, diamantes e pérolas, tudo de mentira, mas não parecia. Reluziu!

Vi numa foto do desfile de fantasias de luxo no clube Monte Líbano, que havia um rapaz maquiado, de peito desnudo, um fraldão e um turbante branco fantasiado de escravo compondo com Bornay.

Bornay afirmou ter se inspirado num texto de Henrique Pongetti, escritor que publicava semanalmente crônicas na revista Manchete.

Em 1961, recebeu uma medalha de ouro e foi eleito “hors concurs”, com sua fantasia de “Luís XV”. Em razão disso não pode mais concorrer nos anos seguintes, limitando-se a desfilar suas fantasias sensacionais. Entretanto, ganhou vários outros prêmios nos demais concursos de fantasia da cidade.
sensacionais. Entretanto, ganhou vários outros prêmios nos demais concursos de fantasia da cidade.

Independência e vida!

“…O baile do clube Tamoio, de São Gonçalo, surpreendeu este ano com a presença de um machão na passarela do concurso de fantasias. Vestido de D.Pedro I, Danton Jardim, estranho à competição, chegou e quase desbanca Evandro de Castro Lima, conseguindo bater outro campeão, Augusto Silva.

A novidade rapidamente se espalhou no Tamoio e as pessoas, principalmente as menininhas, procuravam conferir, buscando nos gestos de Danton Jardim o menor deslize: a posição do pé quando parado, a maneira de segurar o cetro e a espada de D. Pedro, o andar diante do juri e, posteriormente, na passarela, durante o desfile para os foliões, no ginásio. Ao final, parece que todos se convenceram: “ Ele é realmente diferente”.

– Estou na minha – afirmou Danton -, pois esta é uma curtição com outra qualquer. Não tenho problemas de afirmação. No carnaval, as pessoas se vestem de todas as formas. Os homens saem de mulher, num vale-tudo extraordinário. Eu resolvi vestir fantasia de luxo e concorrer, sem grilo e sem me preocupar com o que os outros vão pensar. Acho que por isso , não preciso justificar nada. ”

O texto de autoria do jornalista Jorge Segundo, transcrito da revista O Cruzeiro, de 23 de fevereiro de 1972, revela preconceitos e avanços de um Brasil de 50 anos atrás.

Em 72 nosso país completava cento e cinquenta anos da sua Independência. Muito oportuna a homenagem ao imperador que rompeu os ultimos laços com Portugal. Vivíamos o auge da ditadura militar que nos governou por 21 anos.

Interessante notar a preocupação com a sexualidade do desfilante. Mais interessante ainda é registrar a tranquilidade de Danton, que pouco estava se importando com os danos que lhe seriam impostos por ousar ocupar uma função tradicionamnete restrita a homossexuais.

Passados quarenta e nove anos os militares estão no poder e não estão sozinhos, religiosos fundamentalistas ocupam ministérios e fazem questão que lembrar que meninas vestem rosa e meninos azul. O próprio chefe do executivo tem uma necessidade constante de afirmar sua virilidade. Ja se declarou imbrochável.

Para coroar esse festival de retrocessos; O sete de setembro, neste 2021, esta reservado para uma série de manifestações contra a democracia! Talvez até ensaiar um golpe impondo um governo autoritário.

O país caminhou para trás. O futuro não aconteceu. Está na hora de tirar a fantasia do baú, dar um basta nos preconceitos e gritar: Independência e vida!

A “Geração de Prata” que foi ouro na Sapucaí

No ano de 1986 a Estácio de Sá prestou na avenida uma merecida homenagem aos 70 anos de Grande Otelo. Na ala Minas Gerais, uma plêiade de desportistas desfilaram.Jogadores de futebol consagrados como Adílio, Cláudio Adão, Roberto Dinamite, além de Bernard e Renan do Volei, dois importantes representantes da chamada “Geração de Prata”.
Os dois faziam parte do time que nos Jogos Olímpicos de 1984, marcou o começo da história vitoriosa do Brasil nessa modalidade, tornando o vôlei, segundo esporte do país.
Fazia parte da seleção do técnico Bebeto de Freitas : William (Capitão), Amauri, Badá, Bernard, Bernardinho, Domingos Maracanã, Fernandão, Montanaro, Vinícius, Xandó, Renan Dal Zotto, Rui Campos do Nascimento.
Com relação ao desfile carnavalesco, Já era o terceiro ano consecutivo que um dos representantes da seleção de prata, o jogador Bernard, desfilava pela Estácio. De Los Angeles para Sapucaí foi um pulo. Estava consolidada a consagração dos craques.
Renan, o outro craque que aparece na foto postada, é o atual técnico da selação brasileira de volei. Infelizmente, pela primeira vez, desde 84, nao subimos no pódio olímpico em uma olimpíada. Perdemos a chance de ganhar a medalha de bronze para os argentinos.
Entretanto, a participação do treinador já pode ser considerada uma vitória. O desportista ficou internado por 36 dias, vítima da COVID, num quadro considerado bastante grave.
E Bernard por onde anda? ao deixar as quadras, passou a se dedicar à política. Trabalhou na Secretaria Nacional de Esportes durante o governo Fernando Colllor de Mello. Anos depois, foi eleito deputado estadual no Rio de Janeiro.
Atualmente é membro do Comitê Olímpico Brasileiro, coordenador do desenvolvimento esportivo da Câmara Setorial dos Esportes e membro do Comitê Olímpico Internacional.
Na Mesopotâmia, a prata era o metal da lua. A luz do luar, na noite do desfile da Estácio, iluminou o nascimento de deuses do voleibol brasileiro. Após 40 anos continuam a ter grande importância nos rumos desse esporte que se tornou uma grande paixão de todo brasileiro.
OBS. A Estácio ficou na 10ª colocação no Grupo 1A (LIESA) com 187 pontos

Terezinha Morango: Quem foi rainha conserva a majestade

“Cerca de três mil pessoas animaram o fabuloso baile de gala do Copacabana, melhor do que nunca. Fantasias lindíssimas e de alto preço foram apresentadas no concurso., que se realizou não numa passarela especial, mas na entrada, onde estavam os juízes.” Revista Manchete , 25/02/1961

O título da postagem foi a legenda da foto, que ilustra o post, da Miss Brasil 1957 no Baile do Copa.

Não era mais rainha, pois 1961 foi o ano de Stael Abelha, a mineira que renunciou ao título. No ano anterior A eleita foi Gina Macpherson, da Guanabara, Em 1959, quem recebeu a coroa da Miss Brasil foi Vera Regina Ribeiro, do Distrito Federal. A glamorosa Adalgisa Colombo foi a Miss Brasil 1958.

Morango, assim como Martha Rocha, terminou empatada em primeiro lugar no Miss Universo. Duas referências de beleza feminina nos anos 50. Ambas com traços europeus, pouco representavam as características da maioria das moças dos seus estados. Marta era baiana e Terezinha amazonense. A atriz Elizabeth Taylor a encontrou num hall do hotel e perguntou:-Quem é aquela moça? Responderam. Ela quis conhece-la porque estava deslumbrada com a sua beleza.

Em 1959, Therezinha casou com o empresário catarinense Alberto Pittigliani.

Um ano antes de sua eleição como Miss Brasil, ela foi eleita Miss Cinelândia 1956 e fez uma pequena participação especial no filme Garotas e Samba, dirigido pelo produtor Carlos Manga, na época.

Viúva desde 2003, morreu ,em 13 de março de 2021, vítima de uma parada cardíaca.

Miss Itália

Miss Itália era Bruno Belli, um italiano nascido, em 1908, em Bolonha. Renasceu no Brasil, mas precisamente em Heliópolis, na Baixada Fluminense, como Miss Itália. “Há momentos em que me sinto mais triste, deprimido, revoltado, exasperado, desde quando comecei a perceber como a natureza tinha sido madradasta por ter me feito mulher num corpo de homem. Fiquei quase que odiando o resto da humanidade, que é normal. Eu, para o mundo, seria sempre anormal.” Afirmou Miss Itália a revista Manchete, em 1984.

Chegou em 6 de setembro de 1945, acompanhando a mãe e o padrasto, representante aqui de uma firma italiana. Bruno não demorou muito para descobrir que o Brasil era um país hospitaleiro. E ficou.

Durante o ano trabalhava como cabeleireiro e nos quatro dias de carnaval se transformava em Miss Itália. Tradicional concorrente nos concursos de fantasia do baile dos Enxutos. Miss Itália sempre foi muito esmerada em suas fantasias: eram todas belíssimos vestidos da Belle Époque, que ela mesmo bordava, e que traíam a sua origem europeia. Nos seus últimos anos de vida, já envelhecida, não concorria mais, era hors concours, mas nunca deixou de frequentar o carnaval carioca.

O carnaval era uma palavra mágica para Bruno, o que ele mais levava a sério na sua vida. Afinal, eram só quatro dias para brilhar… No resto do ano, a vida era igual. Ficava quase sempre em casa em Heliópolis. Pintada de rosa por fora e verde por dentro, morava praticamente num cômodo só, muito sujo e cheirando a mofo. Nas paredes, dezenas fotografias tiradas na Bélgica, França e Itália. Caixas com recortes de revistas onde aparecia sempre deslumbrante. No armário, dezenas de vestidos, cuidadosamente bordados, atestavam a glória de carnavais passados. Informações transcritas de uma reportagem de Rosane Rubin, Na revista Fatos e Fotos, de 4/3/1985.

Miss Itália morreu, em 17 de fevereiro de 1985, domingo de carnaval, aos 77 anos, de infarto agudo no miocárdio.

Moisés: “Malandro di tutti Malandro”

“A cada dia, o time do Bungu enche mais de velhos malandros do futebol brasileiro” O Bangu era o reino da malandragem – era a manchete de um jornal popular nos anos 1980.

O maior dos malandros era o Moisés “paulada”. Zagueiro conhecido por sua virilidade, Moisés era temido pelos atacantes, sobretudo por acreditar que, a bola poderia passar por ele, já o adversário, não. ríspido que precisava sempre manter a cara feia para assustar seus adversários, e que não se furtava a usar da força física para pará-los. Aliás, esta imagem fez com que passasse também a ser chamado de “Xerife”.

Fora do campo era outra pessoa. , um grande “boa praça”, que também costumava passar seu tempo livre praticando a pesca submarina.

Atuava como braço direito do “Capo di tutti capi”, Castor de Andrade. Juntos deram alma ao alvirubro do subúrbio carioca.
Outra paixão do “Xerife”, também era conhecio assim, era a folia momesca. Podemos afirmar que deixou um legado ao carnaval carioca com seu bloco das piranhas. Sim, piranhas. O belo machão suburbano, não se fazia de rogado ao se vestir de mulher e desfilar com humor e desfaçatez , sempre no sábado, abrindo os festejos em Madureira.
O bloco das piranhas foi organizado do início dos anos 70 e desfilou até meados dos anos 90. O desfile contava com a participação de vários jogadores, como Brito, Alcir Portela, Joel Santana e Vanderlei Luxemburgo. Luisinho das arábias, Renê, Ademir, Alcino, Carlos Roberto, Fernando, Tobias, Júlio e Ronaldo
Jogadores de um esporte considerado, quase um indicador de masculinidade, deixavam a heteronormatividade de lado e exercitavam uma das clássicas inversões carnavalescas: Homem travestido de mulher.
Na foto desse post o folião Moisés se esbalda no Baile do Champanhe, realizado no clube Monte Líbano, em 1986.
Moisés morreu, de câncer no pulmão , aos 59 anos, em 2008.