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Muitos Carnavais – Página: 4 – Sonhos de Carnavais

O esplendor da Copa da Rússia

A Copa acabou. Por que não ir pensando numa fantasia, para o próximo carnaval, que traduza o sucesso do último grande evento do esporte bretão?

Saí em busca de algum traje que desse conta da dimensão que teve o grande evento esportivo nas terras de Lênin.

Eis que encontrei essa bela vestimenta, apresentada num concurso de fantasias, no Rio de Janeiro, em 1972. Tinha a imagem, mas não o nome da indumentária. Entretanto, as referências à cultura russa eram claras.

Que fantasia seria essa? “Ascenção e queda de Ivan o Terrível”? “As torres encantadas da fortaleza vermelha”? “Grandeza e opulência da Rússia imperial”? Qualquer nome desses caberia, pois não resta dúvida que a imaginação do criador da bela indumentária foi navegar no encantamento da cultura eslava do norte.

A centralidade da figura masculina e um certo ar blasé nos remetes aos imperadores da antiga Rússia. “Glória aos Czares” talvez sintetize o papel que esses autocratas possuem nas terras geladas do norte. Ditadores que nem a Revolução Bolchevique conseguiu varrer das páginas da história . É indiscutível que hoje a Rússia revive na figura do seu governante o autoritarismo dos tempos dos Romanovs.

Seria melhor, então, ser mais direto: “Elegia a Putin”. Uma síntese da autocracia czarista em tempos contemporâneos: domina territórios, envenena opositores, reprime manifestações e, lógico se eterniza no poder. Homenagem coerente.

Mas haveria um risco: o atual presidente poderia achar que o excesso de paetês e canutilhos rementem a uma estética homossexual e mandar prender o desfilante e torturar as costureiras. Melhor arranjar outro nome. O presidente Putin abomina os gays.

Observem as cores: o traje é todo branco, com vários tons de azuis sobrepostos. Pode ser uma pista para o real significado da fantasia. A “Rússia Bleu” seria uma bela homenagem a seleção vitoriosa na Copa de 2018? Uma consagração a uma equipe multirracial, que representou como nunca uma nova Europa.

Será que a fantasia faria sucesso louvando a vitória francesa, numa Copa em que o Brasil foi derrotado?
A seleção canarinho perdeu da Bélgica por 2 a 1, nas quartas de final, e ficou em sexto na classificação geral da competição. Acho que tal ousadia não faria muito sucesso.

Na vida real, se é que existe vida real para quem trabalha com sonhos, o azul da fantasia remete ao luar. Uma noturna lua perdida num firmamento azul esbranquiçado. Nas regiões próximas ao polo norte, as noites são brancas. As noite ficam, como os dias, claras.

Foi assim que Evandro de Castro Lima, desfilou no Municipal, em 1972. Gastou vinte mil cruzeiros em sua fantasia, inspirada na arquitetura russa e feita especialmente para o desfile do Teatro Municipal. A roupa pesava 65 quilos.

Ganhou o primeiro prêmio, mas não sozinho. No ano de 72 tivemos um inusitado empate no 1º lugar, em luxo masculino. O fato aconteceu porque Ivo Pitanguy , presidente da mesa que julgou as categorias luxo, não quis optar entre Moscou ao Luar, e a Sagração da Primavera em Tempo de Rosas, de Mauro Rosas.

Evandro ainda saiu vitorioso, com a mesma fantasia, no baile do clube Monte Líbano, foi considerado hors-concours, recebendo um prêmio no valor de 7 mil cruzeiros e uma viagem a Beirute.

Naquele ano o tumulto marcou o concurso de fantasias do Teatro Municipal. Talvez um prenúncio da decadência desse tipo de certame. Uma triagem inédita, na categoria originalidade, foi organizada no domingo. Os foliões reclamavam da paralisação do baile para que o desfile acontecesse. A ideia inicial era de acabar com o desfile do luxo masculino. O fato é que a inovação provocou um esvaziamento de concorrentes: dez no luxo masculino e quatro no feminino.

Houve, também, uma polêmica com relação ao valor dos prêmios. A verba anunciada pela comissão organizadora era menor que a costumeira. Um grupo de senhoras de instituições de caridade queriam reduzir os custos dos desfiles para dar mais dinheiro para as instituições. Entretanto, os valores reivindicados foram viabilizados através de patrocínios.

Como podemos ver, a interferência do poder público, seja com Crivella ou Chagas Freitas, pode atrapalhar, mas nunca vence a força da alegria e da beleza!

Para quem se habilitar, fica a sugestão, a gloriosa fantasia “Moscou ao Luar”, pode ser uma bela homenagem a Copa, no próximo carnaval.

Chacrinha, Wanderléa e Nanato

No carnaval de 2018 a Grande Rio fez uma grande homenagem a Chacrinha, que completaria 100 anos em 2017 se estivesse vivo.

Iniciei a busca por um registro fotográfico do comunicador em algum evento carnavalesco para ilustrar a postagem. A ideia era descrever o périplo vivido pela agremiação de Caxias durante e depois do desfile na Sapucaí.

A única imagem que encontrei foi a presença do “velho guerreiro” na coroação da cantora Wanderléa como Rainha da TV, no ano de 1972. Ao lado da tenurinha, seu então marido, Zé Renato, filho do apresentador.

A ‘Ternurinha’ já namorava Nanato há dois anos, quando, aos seus 21 anos de idade, em 1971,o rapaz sofreu um acidente na piscina e ficou tetraplégico. Depois disso, ambos continuaram juntos por mais sete anos.

O filho de Chacrinha ficou preso em uma cama durante 40 anos e morreu em 2014, aos 63 anos, após não resistir às consequências de uma infecção intestinal e ter uma parada cardíaca.

Chacrinha faleceu no dia 30 de junho de 1988 às 23h30, de infarto do miocárdio e insuficiência respiratória (tinha câncer no pulmão) aos 70 anos.

A foto registra um momento de carinho sincero. Adiei minha proposta de descrever os contratempos vividos pela tricolor da baixada, fica para um próximo post.

Debaixo do paralelepípedo, tem samba

A imagem que escolhi para homenagear os noventa anos da verde e rosa é do desfile de 1968. Ano do emblemático movimento francês que mobilizou estudantes, operários e modificou o mundo a partir de então.

Em 68, a Mangueira conquistou o bicampeonato com o enredo “Samba festa de um povo”. Império Serrano, a favorita, foi vice com “Pernambuco, Leão do Norte”, e em terceiro veio o Salgueiro com “Dona Beija, a feiticeira de Araxá”. Temas genéricos sem nenhuma relação com o contexto político do momento.

Um mês depois do carnaval, em vinte e dois de março, cerca de 150 estudantes, liderados por Daniel Cohn-Bendit, ocuparam a Universidade Paris Nanterre, o marco deflagrador do movimento que se expandiu pelo país no mês de maio. Os jovens exigiam a libertação de um militante contra a Guerra do Vietnã, preso alguns dias antes em uma manifestação em Paris.

O movimento surgiu criticando o imperialismo e o capitalismo, mas se tornou relevante ao incorporar bandeiras libertárias como: liberdade sexual, feminismo ,ecologia e luta contra o racismo.

Muitos grafites foram pintados nos muros da capital francesa e se transformaram em slogans: “É proibido proibir”, “Metrô, trabalho, dormir”, “Sejam realistas exijam o impossível”, e o quê inspirou o título desse texto, “Debaixo do paralelepípedo, tem praia”.

Palavras de ordem que constituem um legado nem sempre seguido por quem apregoa o caráter revolucionário do movimento. Entretanto, é inequívoco que a vontade de mudar o mundo, herança maior das manifestações francesas, continua a incendiar os corações e mentes.

Os reflexos do movimento francês, que também faz aniversario esse ano, comemora trinta primaveras, foram perceptíveis na Sapucaí, onde enredos com uma forte crítica social e política tiveram destaque.

Beija-flor que foi campeã, empunhou a bandeira da luta contra a corrupção, violência, intolerância de gênero e racial. Portela denunciou a xenofobia. Michel Temer e sua politica trabalhista foram o alvo da Paraíso do Tuiuti, num desfile memorável. E a Mangueira, que comemora noventa anos, fez um desfile-manifesto contra o prefeito Marcelo Crivella.

Pode não ter ganhado o campeonato, ficou em sexto lugar, mas a verde e rosa do morro da Mangueira apresentou um cortejo de plástica irrepreensível, não poupando críticas as tentativas de impedir que o povo da capital carioca viva seu momento de alegria, e cantou à pleno pulmões: “Com dinheiro ou sem dinheiro, eu brinco”. Nada mais fiel ao espirito dos jovens franceses.

Diante das recorrentes tentativas de acabar como o nosso prazer é sempre bom regatar: Debaixo do paralelepípedo, tem samba”.

O último baile de Maluf

Na foto publicada pela Manchete vemos o então prefeito, Paulo Salim, no III Baile de Gala do Teatro Municipal de São Paulo. Uma bela festa que à semelhança do que tradicionalmente acontecia no Municipal do Rio, contou com a presença de famosos: Joan Crawford estava em São Paulo para inaugurar mais uma fabrica da Pepsi, empresa da qual foi presidente mundial, e Alberto Sordi, o comediante italiano, também prestigiava o evento.

Diz no texto da revista que “o prefeito e Sra. Maluf também participaram da festa até o seu final”. Um glamoroso início de carreira para o político que ascendia rapidamente apadrinhado por demagogos e militares. Trajetória que será marcada por denúncias de corrupção.

Antes de ser prefeito, Maluf, em 1967, quando tinha 35 anos, assumiu a presidência da Caixa Econômica Federal. Em 1969, com o apoio de Delfim Neto, foi nomeado prefeito de São Paulo pelo governador Abreu Sodré.

1970, seu primeiro ano de governo doou 25 Fuscas aos tricampeões da Copa. Foi processado sob a acusação de que a doação não atendia ao requisito de interesse social para poder ser bancada pelos cofres públicos. Após trinta e seis anos transitando pelos tribunais, em 2006 o processo teve fim e o ex-prefeito – adivinhem? foi absolvido pelo STF.

Durante os 21 anos em que os generais ditaram os destinos do país, Maluf sempre esteve no poder, além dos cargos citados, foi secretario dos Transportes na gestão de Laudo Natel e governador de São Paulo eleito indiretamente, em 1978.

Maluf foi governador de São Paulo de 1979 a 1982. Em 1982 foi eleito deputado federal, o mais votado do país. Feito que repetiria em 2006.

Em 1985 perdeu a eleição presidencial indireta, para o tio de Aécio, Tancredo Neves.

Carreou seu “prestígio político” para apoiar a candidatura de Jânio, para prefeito, em 1985.

Em 2010 foi condenado por compra superfaturada de frangos feitas quando era prefeito de São Paulo (1993-1996). O caso ficou conhecido como “frangogete”. Ele foi obrigado a devolver R$21 mil ao erário. Anos depois livrou-se da acusação de improbidade administrativa.

Investigações apontaram que Maluf mandou para o exterior dinheiro desviado da Prefeitura de São Paulo. Só para Suíça, seriam US$ 13 milhões.

Em 2012, pasmem, fez uma aliança com o PT e apoiou Fernando Haddad, para prefeitura de São Paulo

Durante todo esse tempo Maluf personificou a corrupção no Brasil. Seu nome, inclusive, foi incorporado aos dicionários como um novo verbo: “Malufar” que passou a significar roubar os cofres do Estado, ou simplesmente roubar.

O processo que levou Maluf para atrás da grades teve origem na sua passagem pela prefeitura de São Paulo nos anos noventa. Durante sua gestão foi acusado de desviar dinheiro(superfaturou) das obras da avenida Água Espraiada (atual avenida Roberto Marinho), construída por um consórcio das empreiteiras OAS e Mendes Júnior e escondeu o dinheiro no exterior.

Em 23 de maio de 2017 foi condenado a 7 anos, 9 meses e 10 dias em regime fechado pelo Supremo Tribunal Federal. A Corte decidiu, por 6 a 5, que ele não podia mais recorrer em liberdade.

O Supremo também sentenciou Maluf à perda do mandato, mas a Câmara preferiu apenas afastá-lo.

Aos 86 anos, Maluf tem câncer de próstata com metástase no sacro, incontinência urinária, cardiopatia, artéria coronária entupida, confusão mental, alterações de cognição, depressão, condição de cadeirante inclusive para necessidades básicas, anemia, broncopneumonia e hemorragia digestiva alta.

Levando em consideração o laudo assinado por cinco médicos do Hospital Sírio-Libanês, o ministro Fachin do STF determinou que o réu, “em caráter humanitário” deva cumprir a pena em seu próprio domicílio. Só pode sair de casa para fazer fisioterapia.

Nos Estados Unidos, Bernard Madoff, um dos expoentes do mercado financeiro até se envolver na maior fraude já vista em Wall Street. Madogg foi condenado a 150 anos de cadeia e nunca deixou a prisão. Detalhe: tem 80 anos, sofreu um ataque cardíaco e foi diagnosticado com câncer.

Tuberculosos, aidéticos, cardíacos lotam e morrem todos os dias nos nossos presídios sem que tenham acesso a um beneficio semelhante. Paulo Maluf foi condenado à liberdade. O último baile de Maluf será em sua confortável mansão nos Jardins.

“O grito da liberdade” da Tuiuti em 2018

Quarta escola a entrar na Sapucaí , a Paraíso do Tuiuti levantou a Avenida. De forma surpreendente, a agremiação superou o trágico acidente com seu carro alegórico em 2016 e fez um desfile empolgante.

Com a pergunta-enredo “Meu Deus, meus deus, está extinta a escravidão?”,a escola de São Cristóvão , questionou o fim do trabalho escravo no Brasil, 130 anos após a assinatura da Lei Áurea no Brasil.

Considerada uma das escolas que brigariam contra o rebaixamento, a Tuiuti surpreendeu a todos conquistando o vice-campeonato. Segundo lugar com gostinho de primeiro.

Um dos seus destaques foi a comissão de frente “O grito da liberdade”, que arrancou aplausos de quem acompanhou o desfile. Sem acrobacias, mágicas ou escalafobéticos efeitos tecnológicos, a comissão de frente da Tuiuti emocionou.

Escravos acorrentados conseguiam se libertar após serem açoitados por um feitor. Na evolução, os escravizados recebem ajuda de pretos velhos, entidades das religiões de matriz africana, que se apresentavam em corpo de velhos africanos escravizados que viveram nas senzalas. Em seguida, ao ir em direção de a escravo para açoitá-lo novamente, o feitor foi impedido por todos os pretos velhos. Agora, livre dos grilhões, o escravo comemora a liberdade.

O responsável por toda criação e encenação foi o talentoso coreógrafo Patrick Carvalho.

Com uma interpretação pungente, os componentes vivenciaram a dramática relação entre um grupo de escravos e o seu algoz. Com sangue nos olhos cada um dos membros do grupo sabia que representavam milhões. Os milhões de escravos trazidos à força e os milhares de descendentes “aparentemente” brancos, certamente pardos ou negros que assistiam com encantamento ao dramático cortejo.

O recurso da “encenação”, inúmeras vezes utilizado exige um exímio trabalho de atuação. Há o risco de se tornar piegas ou mais do mesmo. Com simplicidade e verdade, a realização foi nota dez.

O julgador da terceira cabine de jurados, tirou 0,1 décimo da comissão, devido a um movimento de um bailarino previsto na coreografia e que foi interpretado como escorregão.

Se não conseguiu unanimidade entre os juízes foi escolhida , numa enquete promovida pelo jornal O GLOBO e o EXTRA a realização artística que mais “bombou” no Sambódromo. Ao todo, foram 8123, 45% dos votos, que escolheram a comissão de frente da Tuiuti como o ponto alto das apresentações. A comissão também foi premiada com o Estandarte de Melhor comissão do ano.

A belíssima foto é de Wigder Frota.

Tem francesinha no salão

Em Hollywood, o movimento Time’s Up, apoiado por mais de 300 atrizes, conseguiu tingir de preto a cerimônia do Globo de Ouro, em protesto contra as agressões sexuais. Na França, um grupo formado por uma centena de artistas e intelectuais tomou a direção contrária ao assinar um manifesto criticando o clima de “puritanismo” sexual que o caso Harvey Weinstein teria desencadeado. O texto, publicado no jornal Le Monde, é assinado por conhecidas personalidades da cultura francesa, dentre elas a atriz Catherine Deneuve.

As francesas defendem “a liberdade de incomodar” como algo “indispensável para a liberdade sexual”. “O estupro é um crime. Mas a sedução insistente ou desajeitada não é crime, nem a galanteria é uma agressão machista”, afirmaram no manifesto.

Atitude corajosa da atriz francesa que decidiu entrar num debate que parecia não abrir margem para contestações. Entretanto, Deneuve fala de Paris, berço do iluminismo. Uma mulher nascida e criada em Bombaim, Casablanca, Cairo ou Kinshasa talvez tenham percepções diferentes do assédio.

Se a postura das americanas afinou-se com um sentimento neomoralista, por outro lado faltou um sentido de repercussão mundial a afirmação das francesas. A França não conseguiu efetivamente universalizar seu ideário progressista , nem a “América profunda” seus valores conservadores.

Queria fazer um post sobre Catherine Deneuve, mas não encontrei nenhuma foto sua na folia carioca, condição para postar no blog. Deneuve visitou o Brasil algumas vezes, mas nunca no carnaval.

A francesinha da foto, fantasiada de baiana e acompanhada pelo ator italiano, Alberto Sordi no baile do Copacabana Palace é a irmã mais velha de Catherine Deneuve, Françoise Dorleac. Já que não temos Catherine vamos de Françoise, a irmã da diva.

O ano era 1964 um ano em que os bailes da cidade estavam repletos de celebridades do cinema europeu: Elsa Martinelli, Gabrielli Tinti, e Brigitte Bardot que preferiu se refugiar em Búzios. Hollywood não enviou nenhum representante para as festas do momo carioca. Presidindo o júri, Alberto Sodi, aparece ao lado de Dorleac.

Não era a primeira visita de Dorleac ao Brasil, no ano de 1963, filmou L’homme de Rio, de Philippe de Broca. Uma despretensiosa trama de ação ambientada em partes variadas do país: Rio de Janeiro, Brasília e Amazônia.
No filme Belmonfo interpreta Adrien, que vem para o Brasil atrás da namorada Agnes (Françoise Dorleac) e se envolve em perseguições , sempre com a vida por um fio. O filme alcançou sucesso comercial e foi indicado ao Oscar de roteiro original.

Françoise começou a trabalhar no cinema primeiro que a irmã, o que fez com que Catherine optasse por adotar o nome de solteira da sua mãe como nome artístico – Deneuve -para não ser confundida .

Ex-modelo de Christian Dior, trabalhou com cineastas como Truffaut (La peau douce), Polanski (Cul-de-sac), Jacques Demy (Les demoiselles de Rochefort), Roger Vadin (La Ronde), entre muitos outros.

Conhecida pela transgressão Dorleac ficaria orgulhosa pela firmeza com que sua irmã mais nova entrou na polêmica liderada pelos grupos feministas americanos.Ex-modelo de Christian Dior, trabalhou com cineastas como Truffaut (La peau douce), Polanski (Cul-de-sac), Jacques Demy (Les demoiselles de Rochefort), Roger Vadin (La Ronde), entre muitos outros.

Teve uma carreira curta. Françoise morreria três anos depois de visitar nossa cidade. Ela estava viajando para o aeroporto de Nice para voar para Londres. O carro capotou e explodiu em chamas. Tentou sair, mas porta ficou emperrada e ela morreu carbonizada com seu inseparável cãozinho chihuahua.A polícia identificou Dorleac através de um talão de cheques, seu diário e sua carta de habilitação. Faleceu em 26 de junho de 1967, com apenas 25 anos de idade.

Conhecida pela transgressão Dorleac ficaria orgulhosa pela firmeza com que sua irmã mais nova entrou na polêmica liderada pelos grupos feministas americanos.

Tônia Carrero, Rainha das Atrizes de 1971

Minha memória mais antiga de Tônia Carrero vem de sua participação, no ano de 1970, na novela “Pigmaleão”. Uma adaptação de um texto do dramaturgo irlandês George Bernard Shaw. Na peça, um professor tenta transformar uma modesta vendedora de flores numa dama da sociedade. Já na novela, os papéis foram invertidos, é uma viúva rica proprietária de um salão de beleza, que, por causa de uma aposta com amigas, se propõe a transformar a vida de um feirante Fernado Dalva (Sérgio Cardoso) e ensiná-lo a se comportar em sociedade.

Aos dez anos de idade testemunhei o sucesso instantâneo que a novela provocou, muito pelo talento e beleza da atriz, mas também por uma razão inesperada: os figurinos e estilo da personagem. As calças boca de sino, os lenços estampados na cabeça, batas e os colares artesanais, figurinos desenhados por Carlos Gil e José Gayegos, no estilo hippie chic, encantaram os telespectadores.

O sucesso foi tanto que até o corte de cabelo usado pela atriz na trama, apelidado de “Corte Pigmaleão”, virou moda. Era um corte em camadas, obra do cabeleireiro Renault Castanheira, cujo o salão ficava no Copacabana Palace.

Além de virar tendência, Tônia, no ano seguinte, virou rainha, recebeu a unanimidade dos votos do Conselho Deliberativo da Casa dos Artistas para ser a Rainha das Atrizes de 1971. A atriz venceu suas colegas Márcia de Windsor, Tereza Amayo, Glória Menezes e Dina Sfat na disputa de quem seria a Rainha das Atrizes pelo trono momesco.

Muita gente foi ao baile de coroação no Sírio e Libanês. No dia 18 de fevereiro de 1971, Glauce Rocha, a Rainha das Atrizes de 1970, passou o cetro e a coroa para Tônia, que dividiu as honras da noite com Francisco Cuoco, sucessor de Sérgio Cardoso como Príncipe dos Atores .

Tônia Carrero morreu aos 95 anos, em 3 de março de 2018, em uma clínica no Rio de Janeiro, vítima de uma parada cardíaca enquanto realizava um procedimento cirúrgico para tratar de uma úlcera no Sacro. Havia alguns anos, sua saúde estava debilitada por conta de uma Hidrocefalia oculta doença que a acometeu já idosa e que a impedia de falar e se locomover.

O Black face do Salgueiro em 2018

No carnaval de 2018 os Acadêmicos do Salgueiro, com o enredo “Senhoras do Ventre do Mundo”, que celebrou a história da mulher negra, apresentaram a bateria e comissão de frente utilizando o recurso de maquiagem conhecido como Black Face.

Os componentes da bateria, representando faraós, levaram pelo menos quatro horas para serem maquiados. Segundo alguns ritmistas, mesmo em uma bateria formada por muitos negros, em nenhum momento se discutiu a questão.

“Precisávamos dessas feições mais escuras. Por isso, decidimos pela pintura …. A maquiagem era a única forma de conseguir o tom certo,” Afirmou um dos responsáveis pelo carnaval da escola.

A repercussão nas mídias sociais foi instantânea: para que pintar integrantes das citadas alas, negros na sua maioria, de tinta preta? Será que a crítica seria mais um exemplo de excesso do ativismo “politicamente correto”?

O Black Face foi utilizado como recurso do racismo norte americano, para ridicularizar os negros, por mais de um século. Uma ferramenta da opressão.

No século 19, negros não podiam participar de peças teatrais e seus personagens eram representados por pessoas brancas que pintavam os rostos de carvão e passavam batom vermelho de forma esdrúxula. Foi assim que surgiu a expressão Black face.

A origem desse tipo de representação aconteceu nos Estados Unidos, mas logo ganhou popularidade e atravessou todo o mundo. O problema não estava apenas no fato de os negros não poderem participar das peças de teatro; a forma como eles eram representados pelos brancos era caricata e exagerada, tendo como o único objetivo servir de graça para a aristocracia branca-escravocrata, com o único intuito de ridicularizar os negros.

Essa prática ganhou espaço no cinema no início do século XX. Como exemplo, temos o filme O nascimento de uma nação de Griffith. O primeiro filme falado da história, O cantor de jazz, de 1927, também se utilizou dessa “técnica”, o ator Al Johnson para interpretar um jovem cantor negro de jazz pintou seu rosto de preto.

A fantasia de “nega maluca” é a expressão local dessa técnica. Além do tinta preta no rosto, a peruca afro e batom vermelho, passado forma para aumentar os lábios, criam uma imagem hipersexulaizada e jocosa da mulher negra.

Talve não tenha ocorrido aos carnavalescos que a utilização puramente estética sem a intenção de caricaturar, costumeira no uso tradicional do procedimento, geraria críticas contundentes à escola.

É notória a tradição de enredos enaltecendo a negritude na vermelho branca tijucana. Marcaram a história do carnaval carioca o resgate de Zumbi, Chica da Silva, Chico Rei, reorientando a temática das escolas de samba do Rio de Janeiro, que desfilavam, exclusivamente, os feitos da História oficial.

Nem de longe a polêmica maculou o belíssimo desfile ou a identidade da agremiação. A escola ficou em terceiro lugar ,apresentou um dos mais belos conjuntos de fantasias e carros alegóricos do ano.

Quem sabe teria sido essa, mais uma ousadia salgueirense: dar um outro sentido ao recurso. Seria possível ressignificar a pintura negra da face, que durante séculos foi instrumento de segregação, dar a ela uma finalidade puramente estética?

A vitória do carnaval sem metáforas da Beija-Flor

A Beija-Flor na primeira metade da década de setenta, durante a ditadura militar, desenvolveu enredos que faziam apologia aos governos dos generais. Em 1973, “Educação para o desenvolvimento”, sobre o Mobral. Em 1975, já no grupo especial, “O grande decênio”, enaltecia o PIS-PASEP e o FUNRURAL. A escola de samba comemorava os dez anos do Golpe de 64.

O flerte com governos autoritários não ficou restrito à ditadura brasileira nos anos setenta. Recentemente, em 2015, com o patrocínio do cruel tirano da Guiné Equatorial, país miserável da África Ocidental, a “deusa da passarela” ganhou mais um campeonato.

Mudando completamente de lado, este ano a escola da Baixada empunhou a bandeira da luta contra a corrupção, violência, intolerância de gênero e racial. Uma agenda tradicional dos partidos de esquerda.
Desenvolveu o enredo sem filtros, estava quase tudo lá: uma mãe que vela um filho, um policial militar baleado, políticos carregando malas de dinheiro, uma sala de aula invadida por homens armados, um assalto na saída de um túnel, crianças vendendo balas com uniforme escolar, a “farra dos guardanapos”.

Algumas ausências foram sentidas nenhum Palocci, Dirceu, Dilma ou Lula passou na passarela. Indignação seletiva? Já que era para mostrar tudo, que todos estivessem lá.

Se o enredo era coxinha ou mortadela, não importa. Ser realista no Carnaval é uma contradição. A essência do carnaval é a fantasia, a máscara, a troca de identidade. Ao longo do ano já vivemos a vida real.

Salgueiro, Portela, Mocidade, Mangueira e Tuiuti, que desenvolveram críticas em seus enredos, entretanto, apresentaram suas demandas sem perder o sentido da alegorização.

É importante lembrar que em 1989 carnavalesco Joãozinho Trinta, com o enredo “Ratos e Urubus…Larguem minha fantasia”, fêz um enredo igualmente crítico.Entretanto,sem perder o compromisso com a carnavalização.

Com poucas plumas e brilhos, praticamente sem destaques que só apareceram na última alegoria da escola, com algumas alas vestidas de shorts, bermudas e camisetas, a escola de Nilópolis conquistou o corpo de jurados. Dois julgadores deram dez às fantasias da escola.

Em alegoria, um avaliador chegou a dar 10, os três outros 9,9 para um conjunto extremamente simples, contêineres empilhados constituíam o carro principal, que retratava o edifício sede da Petrobras.

Alegorias sem imponência que se tornaram palco para teatralizações. Era a realidade nua e crua. Encenou-se a tragédia de Realengo, um policial agonizava com um rombo no peito em plena avenida. Nenhuma interferência criativa.

O diálogo sem retoques com a realidade decidiu o título.

Muitos questionaram a idoneidade de uma escola onde seus dirigentes são acusados daquilo que denunciam. Seu presidente, por exemplo, foi condenado, em 2012, a 48 anos de prisão por corrupção, lavagem de dinheiro, sonegação e contrabando. Coisas do carnaval!

Discutíveis as notas dos quesitos plásticos? Provavelmente. Enredo que relacionava os problemas sociais do Brasil com a Frankenstein foi um tanto quanto confuso? Com certeza. Mas o jurado, que antes de tudo é um cidadão, viu o que queria, e principalmente ouviu um grito entalado na garganta. Foi o cidadão quem julgou. O critério foi mais político do que técnico.

Se a concepção plástica dividiu opiniões, o samba foi uma unanimidade, o mais belo do ano. A Sapucaí veio abaixo, em uníssono. Todos denunciavam o abandono dos seus filhos pela mãe pátria.

Com harmonia e evolução irrepreensíveis, escola e arquibancadas cantavam um samba que nasceu clássico.
Uma multidão como nunca se viu no sambódromo, seguiu a escola, que foi a última a desfilar na noite de segunda feira.

A voz do povo prevaleceu. Com um carnaval sem metáforas a Beija-Flor sagrou-se campeã de 2018.

O casal mais chique da América do Sul

A afirmação do titulo da postagem foi feita por Truman Capote. Carmem Mayrink Veiga foi durante a segunda metade do século passado a personificação do glamour. Foi considerada pela revista Vanity Fair uma das pessoas mais bem vestidas do planeta.

Pertencia a um grupo social que tinha poder aquisitivo suficiente para viajar frequentemente de avião a jato. Era o Jet set (em inglês, literalmente, “conjunto de pessoas que se deslocam de avião a jato”). Milionários que cruzavam os oceanos em buscas de festas.

O termo foi introduzido na década de 1950, quando a companhia aérea britânica BOAC, em 2 de maio de 1952, começou a operar voos comerciais utilizando o avião de Havilland Comet Em razão do alto preço dos bilhetes, jet set identificava a elite financeira da sociedade.

No Brasil do século vinte um, empresários das “altas rodas” deixaram de frequentar as colunas sociais, foram parar na cadeia devido as propinas pagas a políticos corruptos. Os que eram referência de sofisticação na segunda metade do século passado, hoje não servem de parâmetro de elegância para ninguém.

Mesmo artistas, celebridades do atual grand monde, tidos como “influenciadores midiáticos”, também são acusados de financiamento fácil para seus projetos culturais através da Lei Rouanet.

Os tempos mudaram, o conceito de “socialite” perdeu completamente o sentido. Mas uma coisa temos que admitir: Carmem era chic à beça!

Na foto publicada no post, o casal está no Baile do Municipal, em 1971.

Carmem morreu, no dia 4 de dezembro de 2017. Ela era portadora de Paraparesia Espástica Tropical (PET), uma doença que afeta a medula espinal e limita os movimentos.