Notice: Function _load_textdomain_just_in_time was called incorrectly. Translation loading for the insert-headers-and-footers domain was triggered too early. This is usually an indicator for some code in the plugin or theme running too early. Translations should be loaded at the init action or later. Please see Debugging in WordPress for more information. (This message was added in version 6.7.0.) in /home/u366239600/domains/sonhosdecarnavais.com.br/public_html/wp-includes/functions.php on line 6121
O Carnaval – Página: 5 – Sonhos de Carnavais

Luiz Melodia, o poeta do Estácio

… “Palmeira do Mangue não nasce na areia de Copacabana”… já afirmava Noel Rosa. Talvez um substrato fertilíssimo vindo do canal que capta o esgoto dos bairros circunvizinhos, ou da antiga zona de meretrício, também conhecida pelo mesmo nome explique a força dessas palmeiras. Ou quem sabe a forte herança cultural dos primeiros moradores do centro do Rio de Janeiro, desalojados pela política higienista do prefeito Pereira Passos, para morros, como o de São Carlos? Ou para pioneiros conjuntos habitacionais como o ainda de pé da rua Salvador de Sá?

Teria sido a energia dos baianos e baianas que criaram o samba a partir de suas batucadas na limítrofe Praça Onze?

Não se sabe ao certo o porquê desse pequeno bairro do centro do Rio de Janeiro ser o celeiro de bambas da música e da poesia. Todos inventando e reinventando a batida perfeita. O morro de São Carlos/Estácio que nos deu a primeira escola de samba, também nos legou Ismael Silva, Moreira da Silva, Ângela Maria, Dominguinhos do Estácio, Gonzaguinha, Luiz Melodia, que com sua sensibilidade sofisticada, através de construções poéticas de extrema complexidade, traduziu, como ninguém, de forma amorosa a gratidão pelo seu bairro de origem: “Se alguém quer matar-me de amor/Que me mate no Estácio/Bem no compasso, bem junto ao passo/Do passista da escola de samba/Do Largo do Estácio. ”

Chegou a frequentar programas de calouro. Mas tudo aconteceu para ele quando conheceu os poetas Torquato Neto e Waly Salomão, que o levaram para a Ipanema do desbunde Hippie.
Em 1972, Maria Bethânia gravou “Estácio Holly Estácio” e chamou a atenção para aquele jovem compositor. Posteriormente, os LPs “Pérola Negra” (1973), “Maravilhas Contemporâneas”(1976) e “Mico de Circo” (1978) consolidaram sua fama.

Luiz Melodia faleceu na madrugada de 4 de agosto de 2017, no Rio, em decorrência de complicações de um câncer que atacou a medula óssea.
Velado na sede da sua escola de coração e enterrado no cemitério do bairro irmão, Catumbi, Luiz Melodia não nasceu na areia de Copacabana, mas no Estácio, território fértil e inspirador. Suas belas canções fazem parte da história do nosso cancioneiro popular.

Como diria o poeta: “Arranje algum sangue, escreva num pano”: Melodia Vive.

Lima Barreto – mulato pobre, mas livre

A 15ª Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), de 2017, homenageou o escritor carioca Lima Barreto. Esta foi a segunda grande homenagem ao escritor, a primeira foi em 1982 quando a escola de samba Unidos da Tijuca desenvolveu o enredo ,”Lima Barreto – mulato pobre, mas livre”.

“Vamos recordar Lima Barreto/Mulato pobre, jornalista e escritor/Figura destacada do romance social/Que hoje laureamos neste carnaval”são os primeiros versos do belíssimo hino da tradicional escola tijucana. Composto de forma tradicional, inaugurando os versos com uma clássica evocação ao homenageado.

“Era realmente o momento de trazer Lima Barreto, até porque o país e o mundo têm discutido muito a questão racial. Era uma forma de contribuir para essas discussões”, esclareceu a curadora da Flip, Josélia Aguiar. Viés trilhado pela Tijuca de forma pioneira, há 35 anos atrás.

Filho de pais com instrução, mas de humilde situação financeira, Lima Barreto, perdeu a mãe, Amália Augusta, que era uma escrava liberta e professora, aos seis anos de idade. O pai, o tipógrafo João Henriques, tomou conta do menino e de outros três filhos mas, poucos anos depois foi diagnosticado como neurastênico. O padrinho de Lima Barreto, o Visconde de Ouro Preto, pagou por sua educação.

Em 1904, contudo, teve que abandonar os estudos para sustentar os irmãos já que seu pai começou a ter acessos de loucura. Lima Barreto entrou por concurso no Ministério da Guerra, encarregado de fazer cópias, registros e correspondências.

O alcoolismo e depressão o levaram a ser internado pela primeira vez em 1914. Seu estado de saúde piorou e ele foi internado por invalidez em 1918. No ano seguinte tenta o ingresso, pela terceira vez, na Academia Brasileira de Letras, e desiste antes da votação.

A primeira tentativa foi em 1917, quando escreveu uma carta a Rui Barbosa se colocando como candidato à uma vaga aberta com a morte do advogado Sousa Bandeira. A candidatura sequer foi acatada, sob a alegação de que Lima Barreto não cumprira o protocolo de inscrição formal. Já naquela época vigorava a ideia difundida pelo próprio Machado de Assis de que a Academia deveria ser uma instituição de “boas companhias” e que o critério das “boas maneiras” e da “absoluta respeitabilidade pessoal” deveria ser levado em conta na escolha dos pares. Lima Barreto era boêmio , andava malvestido, vivia bêbado e volta e meia era internado em hospitais psiquiátricos, não tinha “o perfil de acadêmico”.

“Barreto não sabia/Que o talento banhado pela cor/Não pisava o chão da Academia/Vencido pela dor de uma tragédia/Que cobria de tristeza a sua vida/Entregou-se à bebida/Aumentando o seu sofrer”

O iniciante carnavalesco, Renato Lage, realizava o terceiro e último desfile na Tijuca. Começou com pé direito em 1980, conquistando o titulo no grupo de acesso A, com o enredo sobre Delmiro Gouveia. No ano seguinte conquistou o oitavo lugar, já no grupo especial, com o tema, “O que dá para rir dá para chorar – A peleja do caboclo Mitavaí contra o monstro Macobeba”. Fechou sua interessante triologia, que resultou em antológicos sambas, com a homenagem ao triste e visionário escritor carioca.

A escola se apresentou com três carros alegóricos: “O abre-alas”, “A gratidão e o louvor dos negros a Lima Barreto” e “Os textos de Lima Barreto e os tipos suburbanos”. O carnavalesco, foi muito elogiado pelas belas fantasias retratando a belle époque.

O ponto alto do desfile, entretanto, foi o excelente samba enredo, composto por Adriano. Assim mesmo, sem sobrenome e parceiros. Um samba de um único compositor.

A Unidos da Tijuca, colocou mil e oitocentos componentes motivados para buscar uma boa classificação. Ficou em nono lugar. Mas cumpriu o papel de resgatar, de forma digna, o lugar de Lima Barreto entre os grandes da literatura brasileira.

Muitos consideram o desfile e o samba da Tijuca baixo astral, apelativo. Mas é isso mesmo, o autor que denunciou o racismo no inicio do século XX, sofreu.

O escritor convivia com o vício do alcoolismo e com internações psiquiátricas, já que sofria com crises forte de depressão, que o levaram à morte precoce, vítima de um ataque cardíaco, aos 41 anos, no dia 1 de novembro de 1922.

Nenhum logradouro público em área nobre da cidade em sua homenagem, nem rua, praça ou muito menos avenida. Triste, solitário, melancólico, mas jamais esquecido!

“Lima Barreto/Este seu povo quer falar só de você (bis)/A sua vida, sua obra é o nosso enredo/E agora canta em louvor e gratidão”

O primeiro Jeans (e topless) a gente nunca esquece!

Não sei bem como as “feministas” encarariam as propagandas que projetaram a Dijon nos anos 80. As modelos usavam apenas o jeans, fazendo topless. Ao lado, um bem apessoado descendente de libaneses, Humberto Saade, fazia pose de “dono do pedaço”

“Era um passo adiante do que Calvin Klein fazia nos EUA, Brooke Shields estava abrindo a camisa enquanto Luiza Brunet já estava sem blusa”.

A calça Dijon com cantoneira dourada no bolso traseiro, foi a maior criação da confecção, todas as mulheres sonhavam com um modelo apertadíssimo, modelando as curvas características do biotipo local. A Dijon chegou a vender quatro milhões de exemplares de uma única calça jeans.

Obteve, também, grande sucesso com o lançamento da champanhe Dijon.

E para promover seu novo investimento, organizou um baile de carnaval, o Baile do Champagne. Durante 10 anos foi um baile fez parte do calendário do carnaval carioca. Teve sua primeira edição na extinta casa de shows Scala e depois seguiu para o Clube Monte Líbano.

A foto publicada é de 1986, quando oito mil foliões lotaram os salões do Monte Líbano.

As rainhas do baile eram sempre as garotas-propagandas da Dijon: Luiza Brunet, em 85, Monique Evans, em 86, e Vanessa de Oliveira nos anos seguintes.

Em 86, com uma fantasia confeccionada em pedras multicoloridas, Monique provocou o delírio de turistas e convidados: chegou seminua numa liteira carregada por um pelotão de fortões.

Humberto, morreu, no ultimo dia 10, aos 78 anos de infarto.

As pedras pisadas do Cais do Valongo

Em 1976, sessenta e cinco anos depois do aterro do Cais da Imperatriz, o Salgueiro desenterrava a história do maior porto de recebimento de escravos das Américas. O Cais do Valongo é um local de memória, que remete a um dos mais graves crimes perpetrados contra a humanidade, a escravidão.

Até meados da década de 1770, os escravos desembarcavam na Praça XV, e eram negociados à vista de todos. Em 1774, uma nova legislação, estabeleceu a transferência desse mercado para a região do Valongo, com o objetivo de esconder a barbárie do olhar da população. A região, hoje central, era afastada da cidade.

De 1811 a 1831, entre 500 mil e um milhão de escravos ali desembarcaram. O Rio de Janeiro foi o porto negreiro nas Américas onde mais desembarcaram cativos africanos.

Em 1843, foi feito um aterro de 60 centímetros de espessura sobre o, já decadente, cais do Valongo para a construção de um novo ancoradouro, destinado a receber a princesa Teresa Cristina, futura esposa de D. Pedro II. O cais foi então rebatizado ‘Cais da Imperatriz’. Teve inicio assim o processo de “enterramento histórico” do triste porto.

Com as reformas urbanísticas da cidade no início do século XX, o Cais da Imperatriz foi aterrado, definitivamente, em 1911.

Coube ao Salgueiro o resgate da memória desse marco físico do deslocamento forçado de africanos para o território americano.

A abordagem feita pelo carnavalesco Edmundo Braga, entretanto, preferiu destacar a contribuição africana na miscigenação do povo brasileiro.

Dividido em 3 partes, África, Travessia e Valongo, o enredo foi defendido por dois mil figurantes, distribuídos em 113 alas, com 63 peças alegóricas, entre carros(9) e portáteis, 330 integrantes na bateria e 39 destaques.

A revista Manchete, em sua edição de carnaval, afirmava: “O desfile correto, dentro da melhor tradição salgueirense, não chegou a empolgar as arquibancadas (foram montadas sobre o Mangue, na Avenida Presidente Vargas) . Culpa talvez da pouca comunicabilidade do samba-enredo, que não crescia na avenida. Nem mesmo a classe do puxador, o compositor Noel Rosa de Oliveira, conseguiu levar o samba à espinha da plateia. A bateria garantiu o ritmo, a melodia não atravessou nem por isso Salgueiro trouxe a sua tradicional empolgação”

Será que a citada ausência de empatia foi provocada pela letra equivocada do samba de Djalma Sabiá? Um controverso trecho afirmava:“ Terminou o guerreiro num navio negreiro/Lugar do seu lazer feliz”, como assim? lazer feliz num navio negreiro? um deslize imperdoável para um escola que se consagrou enaltecendo Zumbi, Chica da Silva, Chico Rei, a luta dos negros no nosso país.

É preciso lembrar que o ano de 1976 foi repleto de sambas memoráveis, dentre eles “Os Sertões” da escola de samba, Em Cima da Hora. Um dos maiores sambas da história dos sambas de enredo.

Além de problemas com o hino, o Salgueiro enfrentava outros desafios: perdeu o genial carnavalesco Joaozinho Trinta e o diretor de harmonia Laíla para a Beija Flor, driblava uma crônica crise financeira, e era alvo de pertinentes críticas ao excesso de componentes brancos em seus desfiles. O último carro alegórico do desfile de 1976, que trazia escravas acorrentadas, não tinha uma negra sequer.

Edmundo Braga foi contratado com o objetivo de levar a escola tijucana ao tricampeonato. A agremiação perdeu cinco pontos em cronometragem e conseguiu, apenas, chegar em quinto lugar, com 106 pontos.

Em 2011, durante as escavações realizadas como parte das obras de revitalização da zona portuária do Rio de Janeiro, foram descobertos os dois ancoradouros, Valongo e Imperatriz, um sobre o outro.

As pedras pisadas do cais cantadas pelo Salgueiro em 1976 foram declaradas patrimônio da humanidade na 41ª sessão do comitê da Unesco, em 2017. Um “sítio arqueológico sensível”, mesma categoria do campo de concentração de Auschwitz e da cidade de Hiroshima, destruída por uma bomba atômica.

Na foto publicada, a passista Roxinha, ícone salgueirense, para mandar a tristeza embora, rebate a dor da diáspora com samba no pé.

Ivete, a rainha do axé, ovacionada na Sapucaí

“A Grande Rio vem dar um banho de axé/Salve! Toda essa gente de fé/O tambor da invocada promete/Levanta a poeira, Ivete! ” E Ivete levantou poeira! Inegavelmente um dos pontos altos do desfile do grupo especial de 2017. impressionante observar, a vibração das arquibancadas, durante a passagem da baiana pela Sapucaí.

A cantora não mediu esforços para retribuir a homenagem feita pela escola de samba da baixada. Sangalo teve de correr para desfilar em dois pontos diferentes da escola. Saiu na comissão de frente, que representava sua infância, na cidade Juazeiro. Quando a comissão chegou à dispersão, Ivete entrou rapidamente num automóvel, para dar a volta no sambódromo e ressurgir na alegoria final com o marido, Daniel Cady, e o filho, Marcelo, de 7 anos. O último carro alegórico, era um símbolo do encontro dela com a Grande Rio.

Se a rainha do axé arrebatou o sambódromo, a autorização concedida pela Prefeitura do Rio, ao bloco de axé, Banda Eva, onde Ivete surgiu, causou polêmica entre os cordões da cidade.

“Não acho que só tem que tocar marchinha na rua. Mas, por que a gente precisa trazer bloco da Bahia se a cidade já tem mais de 500 blocos criados aqui de forma espontânea, entre amigos, para fazer um carnaval de brincadeira e não carnaval de negócios como é neste caso?”, questiona, em entrevista ao O Globo, Rita Fernandes, presidente da Sebastiana, associação que representa 11 blocos do Carnaval carioca, entre eles o Simpatia É Quase Amor e o Suvaco do Cristo.

O engenheiro Floriano Torres, fundador do Que merda é essa?, que desfila há 22 anos em Ipanema, contou que a “importação” já foi tentada no passado, mas os blocos resistiram, e o antigo prefeito, Eduardo Paes (PMDB), não deu autorização.

“Dessa vez, não nos ouviram. O carnaval do Rio é espontâneo, e esse tipo e bloco é totalmente comercial. Recife e Olinda nunca permitiriam isso, porque não cabe lá. O Rio já tem bloco demais. Há os que tocam outros ritmos, como frevo e sertanejo, mas estes são do Rio, e não ‘importados’. Vir caminhão da Bahia para o Rio é um absurdo”, disse Torres.

Entretanto, o bloco Eva desistiu de participar do Carnaval do Rio de Janeiro: “Agradecemos à Prefeitura, através da Riotur, pela autorização concedida, porém entendemos que a realização do desfile no Parque Olímpico, um local fechado, não contempla a energia e o modelo de carnaval de rua esperado pelo grupo Eva e pelos cariocas. Desta forma, comunicamos que não iremos mais realizar o desfile do Bloco EVA no carnaval de rua do Rio de Janeiro”, diz o texto.

O desfile estava agendado para o dia 4 de março, na Praia do Pepê (Barra da Tijuca). Entretanto, a empresa de Turismo da Prefeitura não concedeu o espaço, disponibilizou o Parque Olímpico.

Recentemente, Elba Ramalho levantou uma polêmica quando reclamou da presença em massa de artistas sertanejos dentro das programações dos festejos juninos no nordeste do Brasil. Em Caruaru, durante uma entrevista coletiva, a cantora disparou: “Falei com a Paraíba, reivindiquei porque o São João de lá está muito mais comprometido que o São João daqui. Eu não tenho nada contra nenhum artista, nada contra nenhum sertanejo. Tem espaço para tudo, no céu cabem para todos os artistas, ninguém atropela ninguém. Porém eu não toco na Festa de Barretos, Dominguinhos também não cantava. A festa é deles, é dos sertanejos, e eles têm bem esta coisa: essa área é nossa.”

É a luta pela manutenção da identidade da cultura local. Dialética complexa e com resultados imprevisíveis.

No sambódromo, em 2017, A rainha do axé, Ivete Sangalo, com seu inegável carisma, garantiu à Grande Rio a quinta colocação no grupo especial.

Neuza Amaral e Búfalo Gil

A foto desse post retrata dois profissionais de áreas distintas num baile de carnaval: a atriz Neuza Amaral e o jogador Búfalo Gil. Ela com uma elegância meio fora do contexto e ele fantasiado de jogador do clube anfitrião do evento onde, aliás, se consagrou como atleta.

Neuza, uma das atrizes mais conhecidas da Globo, no ano de 1979, ano da foto, brilhou em Cabloca, novela de Benedito Ruy Barbosa. Se destacou, também, em Irmãos Coragem (1970), Selva de Pedra (1972), Fogo Sobre Terra (1974) e Duas Vidas (1976), todas escritas por Janete Clair.

A estrela compareceu ao baile de carnaval promovido pelo clube Fluminense. Foi a segunda edição do Vert, Blanc, Rouge. Tradicionais adversários do futebol, a partir de 1978, Fluminense e Flamengo disputaram um novo campeonato: o dos bailes pré-carnavalescos.

Contratado pelo Fluminense após se destacar no Vila Nova, de Minas Gerais, o ponta direita já chegou ao Rio sendo artilheiro do Campeonato Carioca de 1974. Durante os anos de 1975 e 1976, Gil fez parte do grande time do Fluminense que era chamado de “Máquina Tricolor” pela excelente qualidade técnica de seus jogadores. De 1977 a 1980, Gil jogou no Botafogo, com grande destaque

O short curto e apertado, típico dos anos setenta/oitenta, mostra o quanto Gil era forte. O jogador costumava ganhar no corpo a corpo dos defensores adversários, daí o apelido de Búfalo.

Búfalo tem 66 anos e mora em Niterói . Neuza Amaral faleceu no dia 19 de abril de 2017, aos 86 anos

Só com a ajuda do bispo

Em 2012, a Porto da Pedra levou para a Sapucaí um enredo que fez uma viagem pela história do leite: “Da seiva materna ao equilíbrio da vida.

A comissão de frente simbolizava os “Lactobacilos da Folia”. Os integrantes representavam os microrganismos que protegem o aparelho digestivo.

“Qual é a contrapartida de um enredo sobre iogurte? Eu tenho coragem de travar esse debate”, afirmou o rival de Crivella nas ultimas eleições, Marcelo Freixo, em referência ao desfile da Porto da Pedra, que caiu para o Grupo de Acesso.

Em 2017 os lactobacilos atacaram novamente. O principal argumento do prefeito para reduzir a verba das agremiações é que usaria metade dos recursos para dobrar às diárias pagas às creches – de 10 para 20 reais. O que possibilitaria a compra de mais de iogurtes para as criancinhas.

A falsa questão: creches x escolas de samba joga a opinião púbica contra sambistas e profissionais envolvidos no evento. Quem vai apoiar tirar um “danoninho” das mãos de uma criança para investir em desfile de escola de sambas?

A Liga Independente das escolas de Samba do Rio de janeiro (Liesa) reagiu ameaçando não realizar o desfile de carnaval em 2018.

O curioso é que ainda candidato à prefeitura do Rio, Crivella disse, em agosto de 2016, que iria manter o patrocínio para as escolas de samba.

A proposta de racionalizar a verba pública e questionar a entidade que gerencia o carnaval do Rio era do candidato derrotado, Marcelo Freixo: “A Liesa não pode substituir o poder público. É um bom debate. Só não aceito a pecha de censura. Não existe dirigismo. As escolas encolhem o enredo que quiserem. Mas qual é a contrapartida? Qualquer edital de qualquer setor da área de cultura que precisa de dinheiro público exige contrapartida cultural. Por que falar isso para as escolas de samba vira escândalo? E tem que ter prestação de contas”.

Freixo deixou claro que não financiaria escolas com enredos que recebessem financiamento privado, sem uma contrapartida cultural. Além de negar apoio a liga e questionar sua pouca transparência na administração do carnaval carioca. As escolas e a liga preferiram Crivella.

As escolas precisam do repasse do poder público. Além dos R$ 2 milhões, investidos pela prefeitura, as agremiações contam com a receita da venda de ingressos, direitos autorais e a cota de transmissão da TV. Há escolas que realizam seus desfiles com os recursos oficialmente disponibilizados, R$ 6 milhões. Os dois últimos carnavais da Mangueira, com enredos de inequívoca relevância cultural, não ultrapassaram esse teto.

Entretanto, a maior parte da chamadas grandes escolas buscam complementar seus orçamentos com recursos privados e gastam em torno de R$ 10 milhões para realizar seus desfiles. Fazendo, naturalmente, concessões aos patrocinadores.

Os mais alinhados com a ideia do Estado mínimo, defendem a transformação do carnaval num evento autossustentável com recursos provenientes exclusivamente do capital privado. Não é tão simples assim.
Com a diminuição das verbas públicas fica cada vez mais distante o objetivo de um carnaval mais essencial, relevante culturalmente e menos preocupado com o espetáculo.

Sem o mecenato do Estado, não teríamos óperas, balés, concertos. Cultura é essencial na formação de um povo e a escola de samba é parte fundamental da identidade da nossa cidade.

Vale a pena repetir para os que se preocupam com o equilíbrio fiscal e as contas do erário municipal: Ao final do carnaval de 2017, a Riotur informou que 1,1 milhão de turistas estiveram na cidade e deixaram 3,3 bilhões de reais. A ocupação dos hotéis beirou 80%. O carnaval proporciona um expressivo retorno financeiro à cidade e cumpre um papel relevante na geração de empregos.

Surpreendentemente, para alguns, o verdadeiro objetivo do prefeito em jogar a bebida láctea contra o povo do samba, não é equilibrar as contas da prefeitura, seria na verdade uma estratégia de silenciar um canal de expressão dos cultos afro-brasileiros. A história das escolas de samba dialoga desde a sua origens com as tradições dos terreiros de candomblé.

lactobacilos contra o povo do santo! Quem poderia imaginar uma coisa dessas?

Feliz dia dos namorados, dos rolos, dos crushes….

Boa pinta, porte atlético, um metro e oitenta, olhos castanhos claros, um “pão” perdido numa “Noite em Bagdá”, em 1967. Sua bela consorte com inacreditáveis cílios, não ficava por baixo, tinha medidas de miss, desinibida, segura, cheia de convicções, uma ”garota papo firme”.

No mesmo momento que se viram, emplacaram um cinematográfico beijo . A gata, nos anos sessenta mulher bonita também era chamada assim “gamou”. Foi paixão à primeira vista.

O que era para ser uma “ficada”, prometia um desfecho bem mais romântico que um simples amasso.
Provavelmente, o nosso “broto boa pinta” não estava em busca de compromisso sério. Saiu para “flertar” no Baile do clube Monte Líbano.

O destino, entretanto, prega as suas peças: a nossa “certinha” estudava na mesma faculdade que o gato e ele era sua paixão platônica. Isso mesmo, uma dessas coincidências de novela. Ao som de Máscara Negra o príncipe dos seus sonhos surge em meio à turba dos foliões.

Um intenso beijo roubado, confirmou suas expectativas e transformou o “crush” em “rolo” imediato. Se foram felizes para sempre? Não sei.

Essa história não tem fim, só início.

No princípio era o verbo e o verbo era apaixonar. Foi assim que tudo começou e assim será. Feliz dia dos namorados.

OO7 cai na folia

“O que se faz no Rio de Janeiro quando não se sabe sambar?” Foi o que perguntou Roger Moore, assim que chegou a cidade, onde iria protagonizar o décimo-primeiro episódio do agente 007. O questionamento do ator britânico, um batido clichê, foi um prenúncio da forma como a capital fluminense seria representada na transloucada passagem do agente da rainha por terras brasileiras.

Sem nenhum compromisso com a geografia do planeta, depois do vilão cortar os cabos do bondinho com os dentes, 007 cai em um campo aberto, onde consegue fugir a cavalo e chega a uma cidade da Bahia fantasiado de gaúcho. A seguir, sai em debandada pelo Rio Amazonas que desemboca nas Cataratas do Iguaçu, onde ele consegue, finalmente, escapar de asa-delta.

De tão absurdo, o filme ingressou na categoria kitsch e, surpreendentemente, foi um sucesso na época. Um dos mais rentáveis episódios da série.

A película, também, contou com a participação de uma Bond Girl tupiniquim. A estonteante Adele Fátima, chegou a gravar algumas cenas, mas devido a fofocas maldosas, toda a sua participação foi cortada e sua personagem foi interpretada pela atriz inglesa Emily Bolton.

A brasileira teria tido um caso com Moore, fato nunca confirmado. Uma foto sua aparecia no cartaz local e seu nome nos créditos do filme.

Entretanto, nem o mirabolante enredo previa um fato tão inusitado! Por mais inacreditável que possa parecer, na última terça-feira, fomos surpreendidos com uma triste notícia: morreu aos 89 anos, Roger Moore. Infelizmente, temos que admitir, 007 também morre.

O e-mail secreto de Dilma: 2606iolanda@gmail.com

Em recente delação feita aos procuradores da operação Lava-Jato, Mônica Santana, marqueteira da campanha presidencial de Dilma Rousseff junto com o marido João Santana, afirmou que trocava informações secretamente, com a então presidente, através uma conta falsa num provedor gratuito.

Dilma teria informado ao casal Santana, à época fora do Brasil, que seriam presos quando retornassem. Rousseff nega e acusa Monica de prestar falso testemunho.

O nome fictício da conta, 2606iolanda@gmail.com, foi uma freudiana lembrança de Iolanda, mulher do General Costa e Silva, presidente na época em que Dilma esteve presa por atividades guerrilheiras contra a ditadura militar.

Costa e Silva, marido de Iolanda, governou entre março de 1967 e agosto de 1969. Foi em seu governo que houve a instauração do Ato Institucional nº5, considerado o mais duro golpe contra a democracia no Brasil. Mesmo com a assinatura do AI-5 em 1968, D.ª Iolanda continuou descrevendo seu marido como “uma pessoa mole, de coração enorme”.

Afinal, quem foi Iolanda Costa e Silva?

A imagem oficial apresentava a mulher do segundo presidente da ditadura militar como: católica fervorosa, participante assídua do grupo de mulheres tradicionalistas que combatia a suposta infiltração comunista nas igrejas e na sociedade. Entretanto, interesses não tão conservadores tornam controversa a personalidade da, então, primeira esposa do país.

Falante e extrovertida, a primeira esposa, gostava de mandar e influenciar: atribui-se a ela a indicação de Paulo Maluf à presidência da Caixa Econômica Federal. Além disso, segundo as más línguas, ela teria ajudado Maluf a chegar à prefeitura de São Paulo após receber um presente deste, um colar de diamantes. Afirmava-se que Iolanda tinha uma fraqueza por presentes caros.

Promovia também festas, rodadas de pôquer e desfiles de moda no Palácio da Alvorada.

Jovens estilistas como Zuzu Angel, que mais tarde, na década de 70, teve o filho, Stuart, torturado e morto pelo governo militar, eram convidados a mostrar o seu trabalho.

Em um dos seus encontros fashion participou um jovem modelo chamado Fernando Collor de Mello. Fofocas na época diziam que a primeira dama tinha apreço por rapazes jovens.

Infelizmente, a elegância da consorte do presidente não era uma unanimidade. Sempre muito sincero, o estilista Clodovil, que trabalhava na Rádio Panamericana, dando conselhos de moda, criticou um vestido de Iolanda. Foi demitido.

Disseminou-se a versão que o derrame que atingiu Costa e Silva e levou-o prematuramente à morte, teve como um dos ingredientes as fofocas e comentários maldosos que envolviam sua esposa.

A paranaense também ficou conhecida por iacelerar, em troca de presentes,a tramitação de qualquer solicitação feita por empresários ao seu podoreso conjugê.

Na foto publicada na revista Cruzeiro, em 1968, Iolanda aparece animadíssima, no Baile do Municipal, é a primeira da direita para esquerda. Mario Andreazza, o então ministro dos Transportes, responsável por obras como transamazônica e ponte Rio e Niterói, divide o mesmo camarote, é o primeiro da esquerda para direita.

Registra-se, também, a presença do ex-presidente Juscelino Kubitscheck (não aparece na foto). Acusado pelos militares de corrupção e de ser apoiado pelos comunistas, teve seu mandato cassado e seus direitos políticos suspensos. Desde 1967 estava em campanha contra a ditadura militar, que por sua vez estava representada pelo ministro e a primeira dama em camarote próximo.

A referência ao Regime Militar não fica só no nome da primeira dama, mas também na numeração. Foi no dia 26 de junho de 1968 que a Vanguarda Popular Revolucionária assassinou o soldado Mário Kozel Filho, de apenas 18 anos. Dilma fazia parte do grupo.

Por que Dilma resgatou o nome da primeira dama? Uma ironia? Que fascínio ou trauma a senhora citada exerceu sobre a jovem militante política?

Para o bem ou para o mal Dilma não esqueceu Iolanda e nós não esqueceremos Dilma.