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O Carnaval – Página: 8 – Sonhos de Carnavais

Sônia Braga: uma rainha jamais perde a majestade…

…nem o talento. 2016 foi um ano de sucesso para a grande atriz brasileira. Sua participação em Aquarius foi arrasadora.Em alguns momentos chego a pensar que o filme foi feito para ela.

A trajetória da película, entretanto, foi marcada pela polêmica. Na visão ou no desejo de alguns, a fita do cineasta Kleber Mendonça Filho representaria uma denúncia, um manifesto contra o golpe que teria derrubado a presidente Dilma Rousseff.

Posteriormente, a não indicação do filme como representante do Brasil no Oscar foi apontada por muitos como uma represália política contra a equipe do filme, após o protesto contra o impeachment, durante o festival de Cannes.

Se a polarização ideológica dividiu as opiniões em relação ao filme, a atuação de Sônia foi uma unanimidade. Aos 66 anos, a paranaense foi eleita melhor atriz do ano pela Associação de Críticos de Cinema de San Diego, melhor atriz no Festival de Cinema de Lima, no Peru, entre outras premiações.

Na foto do post, Sônia está sendo coroada a Rainha das Atrizes há exatos quarenta anos. Os 2500 foliões, que lotaram o Canecão queriam compartilhar a consagração de Gabriela Cravo e Canela.

Em 1975, a atriz deu vida ao personagem de Jorge Amado. Um sucesso nacional e internacional. Em visita a Portugal, por exemplo, a atriz percorreu as ruas em carro aberto, com batedores e guarda costas.

No ano da imagem reproduzida, 1976, interpretou mais um personagem de Jorge Amado, Dona Flor. Fenômeno de bilheteria no Brasil e no exterior. Também participou do elenco da novela Saramandaia, de Dias Gomes.

Para receber o cetro fantasiou-se de Cinderela, personagem sem cravo, canela ou qualquer outro tempero que caracterizavam os personagens, da cultura local, interpretados de forma definitiva por Sônia. A coroa foi colocada por Bete Faria, rainha do ano anterior.

Helena Cardoso: vedete, passista, baronesa e evangélica

Muitas vidas em uma, difícil saber por onde começar. Como ponto de partida, uma foto publicada pela revista O Cruzeiro, de fevereiro de 1969.Aliás, foi a primeira negra a estampar uma capa nessa prestigiosa publicação. Vemos uma mulata deslumbrante, vestindo um maiô branco com franjas que terminavam em pompons de filó nas cores vermelho, amarelo , azul ,verde e rosa. Na cabeça um pequeno arranjo. As sandálias eram douradas. Brilhava na passarela do concurso que escolheria, pela primeira vez, a Rainha Nacional do Carnaval. O Canecão lotado consagrou a candidata da Guanabara, Helena venceu.

Representante da Banda de Ipanema, helena ganhou o direito de concorrer ao título de Rainha do Carnaval Brasileiro, como representante do Rio, e acabou conquistando a nova coroa no dia 14 de fevereiro.

Na verdade, antes de vencer o concurso já fazia sucesso com outras três vedetes no grupo “Mulatas de Bronze”, empresariado pelo argentino Gilberto Bria.

Foi a primeira rainha negra da Banda de Ipanema.

Não parou por aí, foi modelo de Di Cavalcanti e de Heitor dos Prazeres. Eleita uma das “Certinhas do Lalau” (mulheres consideradas as mais bem despidas, na coluna de Stanislaw Ponte Preta) . Foi vedete de Carlos Machado e Haroldo Costa.

Depois disso, viveu um verdadeiro conto de fadas ao se casar com o barão alemão Werner Von Hantelmann, tornando-se baronesa. Viajou por todo o mundo, mas sempre voltando ao Rio para desfilar no Carnaval,como destaque em praticamente todas as agremiações .

Após a morte do barão, casou-se com o italiano Raffaele Lauro, Ph.D. em Economia e empresário na Suíça, onde Helena morou por 25 anos.

Há cerca de uma década, já viúva novamente, Helena, voltou a morar no Brasil. Hoje passa despercebida pelas ruas, no supermercado ou na feira, frequentemente de calça legging e camiseta, mas de porte sempre elegante.

Convertida a igreja Internacional da Graça de Deus, Helena vive uma nova fase de sua vida. Publicou uma biografia,“Helena Cardoso: vedete e baronesa – como é que foi mesmo? ” na qual relembra sua incrível trajetória e os seus muitos carnavais.

Guilherme Guimarães “veni, vidi, vici”

Como diria César : Alea jacta est! “A sorte está lançada!” Consigo imaginar Guilherme Guimarães, repetindo uma das máximas do imperador romano, no concurso infantil do Municipal do Rio de janeiro, no ano de 1954.

Fantasiado de Júlio César ficou em segundo lugar. Perdeu para Ricardo Aquim, encarnado Henrique VIII. Se foi vice no Rio de Janeiro, foi o primeiro no centro do mundo: Viveu por uma década. nos Estados Unidos e quando regressou ao Brasil já estava consagrado. Assinou figurinos no cinema e no teatro. Guilherme se tornou um ícone da alta costura carioca entre as décadas de 60 e 80.

Não encontrei outros registros da presença do costureiro em eventos momescos. Afirmava, por exemplo, nunca ter posto os pés num desfile de escola de samba.

No dia 24 de dezembro de 2016 , aos 76 anos, morreu de câncer no fígado, no Rio. Veio, viu e venceu.

O carnaval 2017, em São Paulo, já começou!

E o prefeito recém empossado, um dia depois da sua posse, dois de janeiro, se fantasiou de gari. Varreu um trecho da calçada da rua Nove de Julho.Sorriu para os fotógrafos enquanto deu duas varridas no chão, em um gesto que durou dez segundos. Foi seu primeiro ato como alcaide da maior cidade do país.

Resgatou imediatamente a memória do também prefeito da capital paulista, Jânio Quadros, que descia do carro, no trajeto entre a sua residência e a sede do governo, pegava a vassoura e varria as calçadas sujas.

O mesmo Jânio adotou o escovão como símbolo de sua campanha, bem sucedida, à presidência da Republica, em 1960, representando o desejo de se varrer a corrupção do país.

Jânio era um politico populista. Curiosamente o atual prefeito João Dória fez campanha afirmando que não era político,mas,sim, um gestor. Nas eleições municipais de 2016,“gestores” se candidataram e se elegeram em inúmeras cidades brasileiras .

Ainda em campanha, o candidato João Dória foi responsável por uma curiosa declaração: “Algum dia, quem sabe, todos os brasileiros vão poder usar polo Ralph Lauren”. Teria sido para demonstrar humildade ou remediar a elitista afirmação, o primeiro gesto tomado em sua gestão ?

No sábado subsequente, 7 de janeiro, voltou a vestir o uniforme da gari e varreu um trecho da calçada da avenida Paulista sentido Consolação entre rua Itapeva e o Masp. Mais uma etapa da operação Cidade Linda. Será que numa próxima fase vai se juntar à equipe de limpeza de bueiros? Ou vai continuar varrendo calçadas limpas? Vai passar o dia todo torrando debaixo do sol inclemente?

Quem sabe o prefeito paulista estende sua solidariedade aos motoristas de ônibus,aos pedreiros, aos vendedores de picolé na praia. Nunca se sabe, o que se sabe é que Dória prometeu se vestir de gari e varrer um ponto da cidade todas as semanas até o fim da sua gestão.

Roupas de marca ou sem marca, uniformes de gari, ou de qualquer outra função, podem passar algum tipo de informação sobre quem os veste. A fantasia, ao contrário da roupa tem uma conotação de falsidade, algo que não existe. A foto exibe um prefeito fantasiado de gari. Uma inversão tipicamente carnavalesca.

Há muito o que fazer para livrar a maior cidade brasileira da sujeira e com certeza não será com atitudes demagógicas e populistas que atingiremos esse objetivo.

A bacante da Baixada assassina o embaixador grego. Que Zeus nos proteja!

A Grécia Antiga, a cidade de Olímpia, os deuses e a beleza grega foram os homenageados da edição de 2016 do tradicional baile de Carnaval organizado pelo Copacabana Palace. Convidados foram recebidos pelo deus Dionísio e centuriões em um parreiral, construído na varanda do hotel. Os salões foram decorados por Mario Borriello.

Como convidados de honra o embaixador da Grécia Kyriakos Amiridis e a embaixatriz Françoise ladeados na foto de Marcelo Borgongino, por Hildegard Angel e Francis Bogossian.

Alguns meses depois….Em dezembro de 2016, após três dias desaparecido, Amiridis foi encontrado morto, carbonizado, dentro do carro em Nova Iguaçu. Dos quatro suspeitos pela morte do embaixador grego, estão a viúva brasileira, a embaixatriz Françoise de Sousa Oliveira,o amante da mesma, o policial militar Sérgio Filho, e o sobrinho do policial.

“Não existe família sem adúltera”,afirmava Nelson Rodrigues.Sim, a embaixatriz, até então considerada uma mulher honesta, “passou a ser devorada pelos seus prórios escrúpulos,a viver sempre no limite, na implacável fronteira” (Nelson Rodrigues)

Não satisfeita em trair o marido, Françoise está sendo acusada de ter planejado a sua morte, por quê?

Muitas versões tentam explicar o inexplicável. O que teria levado a consorte do diplomata, que levava uma vida glamorosa, no eixo Atenas, Brasília e Nova Iguaçu, a tramar um crime que inevitavelmente a levaria à cadeia?

Teria sido flechada pelo cupido, enviado por Eros, o deus do amor, Apaixonando-se ,então, por um policial militar , que juntamente com sua amada teria planejado a eliminação de Kyriakos?

Ou pior: A fera de Nova Iguaçu, não encontrava mais satisfação na sua relação com o marido e como uma fiel seguidora de Dionísio, o deus do prazer, Françoise resolveu assassiná-lo.

A bacante da baixada por força de um provável baixo nível de escolarização ou simplesmente por não ter prestado atenção às aulas de história tenha feito uma pequena confusão: nos rituais em louvor a Dionísio, um boi era assassinado. Seu corpo era rasgado , seu sangue bebido fresco e sua carne crua comida. Após tal atrocidade faziam sexo por cima da carcaça do animal.

É importante registrar que as ninfas que seguiam Dionísio eram conhecidas pela extravagância e loucura: apenas pensavam em orgias, sangue e sexo.

Poseidon, Hermes, Apolo, Ártemis… Cada vez mais a delegacia de homicídios de Nova Iguaçu considera a possibilidade de que no município da baixada fluminense, conhecido pela tradição dos terreiros de Umbanda e Candomblé, o culto aos deuses gregos foi reestabelecido.

Que Zeus nos acuda.

Passistas da Mangueira – 1969

Nos anos 60 a ala com passo marcado era a grande novidade das Escolas de Samba.Na contramão da coreografia ensaiada sobrevivia a improvisação do dançarino individual. Na revista Manchete,8/3/1969, acompanhando a foto, que reproduzo aqui, vinha a seguinte legenda: Passista nasce passista – é impossível aprender uma coisa que surge quase na hora, como inspiração.Os passistas da Mangueira defendiam no pé a tradição da dança do samba.Hoje em dia, as alas dos passistas ganham um espaço cada vez maior junto às agremiações carnavalescas.E por falar em passistas: por onde anda a passista Neide e seu anônimo parceiro?

A bossa nova de George Michael

O Brasil teve importância fundamental na vida de George Michael.algumas de suas canções tem forte influência da Bossa Nova, que é uma das expressões do samba. O músico pop morreu no dia 25 de dezembro de 2016 de parada cardíaca, aos 53 anos de idade.

George conheceu, aqui, uma das grandes paixões de sua vida – o petropolitano e estilista Anselmo Feleppa.

O encontro se deu quando ,Michael participou do Rock in Rio 2 em 1991, aliás a única vez que o astro inglês cantou por aqui.

Infelizmente Anselmo faleceu,em 1995, precocemente, com hemorragia cerebral relacionada à Aids.Michael nunca mais foi o mesmo. Fato que que teve reflexos na produção artística de Michael: Em 1996 , gravou em dueto com a cantora brasileira, Astrud Gilberto, Desafinado, de Tom Jobim. O dueto fazia parte de um projeto Red + Hot, que tinha por finalidade financiar pesquisas relacionadas à epidemia.

Compôs ,também, em homenagem à Anselmo, Jesus to a Child, lançada em seu álbum Older, de 1996. A música tem uma batida bossanovista.Era a canção de abertura do álbum Older, apesar de triste e sombrio,um dos melhores trabalhos de George.

`Sair do armário` nos anos 1990 não era fácil, mesmo sendo do mundo da música. especialmente para um cantor que construiu sua imagem seduzindo hordas de mulheres.Michael só se assumiu gay em 1998, depois de ter sido flagrado transando num banheiro público de Los Angeles.Chegou a ser preso por um policial à paisana.

Em 2004, veio outra canção, Please, send me someone to love (Anselmo`s song) em que George se refere ao grande amor da sua vida.

Faço dessa postagem uma singela homenagem à coragem de George Michael em sobreviver e criar em tempos ainda tão obscuros.

Zsa Zsa Gabor no carnaval do Rio de Janeiro de 1960

No ano de 1960, Hollywood mandou quatro estrelas de primeira grandeza para o carnaval do Rio. Kim Novak, Linda Darnell, Julie London e Zsa Zsa Gabor.

A excêntrica atriz de origem húngara, famosa pelos muitos casamentos e declarações, deixou a marca de sua imponente elegância pelos bailes que passou.

Como aconteceu com vários atores e atrizes cujas carreiras tinham começado ao logo dos anos 40/50, estrelou filmes como “Moulin Rouge” e “Lili” nos anos 1950.Zsa Zsa Gabor foi encontrando cada vez menos oportunidades nos filmes da década de 60, surgindo com mais frequência em séries televisivas. Entretanto, essa decadência ainda não se fazia sentir em 1960. Nascida em 1917, a húngara já era uma quarentona, uma atriz madura, nada que impedisse o frenesi que sua passagem pela cidade causou.

Segue o registro da passagem da atriz húngara no principal baile do teatro Municipal, o mais glamoroso da época:

Por volta de uma hora da manhã, da terça feira, a limousine de Gabor chegou ao Municipal.

Acompanhada da mãe, padrasto e acompanhante, sofreu assédio incrível dos fotógrafos . policiais estavam espalhados por todos os cantos para evitar confusões. Foi levada ao camarote do prefeito onde fez sua primeira aparição diante do público. Foi ovacionada. Subiu, também, ao parapeito do camarote e acompanhou a música, nos seus movimentos. Zsa Zsa atendeu a todos.

Durante o baile, Zsa Zsa teve a atenção desejada no balcão do camarote, onde se comportava como se estivesse no palco. Seu vestido Dior de paetês prateados e suas magnificas jóias refeletiam a luz dos holofotes que estavam todos direcionados para ela.

Esse protagonismo foi quebrado com a chegada de Kim Novak, acompanhada de Jorge Guile, ao baile. O Municipal virou palco de uma verdadeira guerra das estrelas.

Quando Zsa Zsa Gabor soube que Kim havia chegado, ela disse que a “amiga” era uma “novata qualquer”, que não lhe oferecia perigo algum. Passagem citada no livro de Evanio Alves.

A verve frasista da atriz húngara, na minha opinião, era sua faceta mais interessante. Algumas de suas pérolas:

“Não existe homem rico feio.”
“Eu não sei nada sobre sexo, porque eu sempre estou casada.”
“Eu quero um homem que seja carinhoso e compreensivo. É pedir muito, de um milionário?”
“A garota deve se casar por amor, e continuar casada até ela encontra-lo.”
“Divorciar-se apenas porque você já não ama o seu marido é quase tão idiota quanto se ter casado com ele apenas porque o amava.”
“Sou uma ótima dona de casa: sempre que me divorcio, eu fico com a casa.”
“Ser amado é uma força. Amar é uma fraqueza.”
“Um homem apaixonado é incompleto até o dia em que se casa. Então, ele está acabado”

A quase centenária atriz húngara , completaria 100 anos, em 6 de fevereiro de 2017, morreu no dia 18/12/2016. Zsa Zsa sofreu um ataque cardíaco. Estava confinada à sua casa desde 2011, quando teve uma perna amputada e outros problemas de saúde.

Garotas folionas

Uma arlequina brasileira através do inconfundível traço do desenhista/figurinista Alceu Penna.
Autodidata, dono de um traço ágil e estilo inconfundível desenhava menus, cartazes, cenários, figurinos para shows, decorações e fantasias para bailes de carnaval, renovou inclusive a fantasia da Carmem Miranda quando esta partiu para Hollywood com o Bando da Lua.

Apesar da beleza da imagem, o que mais me chamou atenção foi o pequeno texto, assinado por A.Ladino, que serviu como legenda para a imagem aqui reproduzida.

O autor, numa brevíssima conclamação, aborda temas interessantes relacionados ao carnaval, algumas ideias soam anacrônicas e ingênuas outras permanecem na essência do DNA da folia, leiam:

Chegou a hora das garotas mostrarem as suas graças, e que tristezas não pagam dívidas, enquanto a alegria as aumenta. Folionas por instinto e formação, as garotas querem cantar e sambar, que amanhã, como diz o samba, elas não sabem se vão lá das pernas. Viva, portanto, a folia, com chope à mostra ou uísque escondidinho”.

…Tristeza não paga dívida, enquanto a alegria as aumenta!Advertia ou pregava a uma inevitável entrega? A busca da alegria nos faz inconsequentes, gastamos o que não temos em nome de prazeres momentâneos, movidos por desejos irrefreáveis.

Pior, ainda, para os que não têm opção, e segundo o autor do pequeno texto, são foliões por instinto. Nasceram com essa verve momesca. Não resistem ao tocar de um tambor. Endividarão a alma para tudo se acabar na quarta feira.

Afirma, também que as garotas querem cantar e sambar. O carnaval de rua voltou com força total e números superlativos.Nos mega blocos contemporâneos não vejo mais ninguém cantando ou sambando. Milhões de pessoas seguindo em cortejo, carros de som, mal entendendo a música que explode distorcida das caixas, parecem ter como objetivos únicos apenas beber e paquerar.

Beber é algo em comum . Quase setenta anos depois, é para quase a totalidade das folionas e foliões o combustível essencial. Nossa personagem da commedia dell’arte estilizada precisava beber uísque escondidinha. O chope venceu o uísque. Ninguém bebe destilado no carnaval e se quiser beber não precisa esconder. As grandes cervejarias patrocinam blocos. Cultivaram o hábito. A ideia de beber chope e ir ao bloco está associada. Multidões bebendo e se desfazendo do que foi bebido, num ciclo interminável. É assim hoje. Virou um grande negócio.

Finaliza o texto, seguindo a tradição romana – Carpe Diem, aproveitem a vida. Com dívida ou sem, com uísque ou chope, cantando, sambando , paquerando, o melhor mesmo é se jogar porque, como dizia o samba, nossas folionas não sabem se vão lá das pernas no imprevisível amanhã .

Macumbeiros do Congo enfrentam a delação do fim do mundo

No anonimato devido aos criativos codinomes, criados pelo departamento de propinas da contrutora Odebrecht, os participantes da mais importante quadrilha de corrupção do mundo, agora denunciados, resolveram disfarçar-se com fantasias exóticas.

Todo Feio, Boca Mole, Gato Angorá, Babel, Polo e Caranguejo aparecem na foto publicada, travestidos de Macumbeiros do Congo. Claro que querem inspirar nos procuradores da Lava-Jato algum tipo de temor diante de possíveis poderes sobrenaturais sugeridos pelo traje escolhido.

Entretanto, nem os terríveis codinomes, típicos de quadrilhas, e muito menos a inventiva indumentária foram suficientes para inibir as investigações dos crimes cometidos e a revelação de quem são os indiciados. Quem é quem sem máscaras e alcunhas:

Todo Feio, Inaldo Leitão (PP-PB), Citado na delação do ex-executivo da Odebrecht Cláudio Melo Filho como um dos parlamentares que teria recebido propina da empreiteira, R$ 100 mil. O ex-deputado contestou nas redes sociais não só a acusação, como também o codinome que recebeu nas planilhas: “Outra coisa que não gostei nessa delação foi codinome de “Todo feio”. Rsrsrsrsr Não é bem assim, né?”

Boca Mole, Heráclito Fortes (PSB-PI) teria recebido R$ 100 mil do departamento de propinas. O deputado afirmou se sentir homenageado com o apelido atribuído a ele. O deputado comentou que Boca Mole era o apelido atribuído a Tancredo Neves durante a ditadura militar. “ O delator não diz que troquei emendas, nada. Ele apenas diz que sou uma pessoa influente e que era vantage para empresa ter próximo a eles um deputado como Heráclito Fortes”, declarou.

Gato Angorá, Moreira Franco (PMDB-RJ), pediu R$ 3 milhões de reais para não construir um terceiro aeroporto em São Paulo o que prejudicaria o interesse da Odebrecht, concessionária do Galeao, no Rio de Janeiro. Moreira vetou o projeto do aeroporto concorrente.

Babel, Geddel Vieira Lima (PMDB-BA) O ex-ministro da Secretaria de Governo, e teria ficado com 5,8 milhões de reais do esquema. Torre de babel? Será uma referência ao empreendimento imobiliario que o levou ao afastamento do cargo por tráfico de influência? Na denúncia é descrito como um ávido por dinheiro, insistente em seus pleitos e eternamente insatisfeito com as quantias que recebia.

Caranguejo, o deputado cassado, Eduardo Cunha, (PMDB-RJ). o deputado federal cassado recebeu R$ 7 milhões da empreiteira, pela influência que tinha entre parlamentares da Câmara dos Deputados. Ao saber que era chamado de caranguejo o deputado riu e disse que desconhecia a origem do apelido. “Não sei o que quiseram dizer com isso, quem apelidou é quem tem que dizer”, afirmou.

Polo, Jaques Wagner (PT- BA), ex-ministro da Casa Civil, teria recebido R$ 7,5 milhões. Já em 2012, como presente de aniversário, Wagner ganhou da empreiteira um relógio Hublot, com a imagem do Congresso Nacional estampada no fundo, cujo valor é estimado em 20 000 dólares. Ganhou, tambémum relógio Corum, que custa cerca de 4000 dólares. “Guardei e nunca usei” teria dito o ex-ministro.

Mais de 200 políticos de 18 partidos politicos teriam recebido repasses da empreiteira: Caju, Bitelo, Corredor, Gremista, Gripado, Campari, Piqui, Comuna, Ferrari, Decrépito, Moleza, Velhinho, Missa, Feia, Kimono, Tuca, Misericórdia,Amigo(presidente Lula),Bob(José Dirceu),Italiano(Antonio Palocci) e com nome,sobrenome e cara limpa – O presidente da República Michel Temer, que está sendo acusado de ter negociado R$ 40 milhões para o PMDB na eleição de 2010.

O sexteto, Os Macumbeiros do Congo, representam uma ínfima amostragem da lama em que chafurda o atual Congresso.

A saber: Macumbeiros do Congo, foi um dos grupos vencedores do Concurso de Fantasias do Baile Municipal de Recife de 1968. As fotos do baile publicadas na Revista Cruzeiro ,foram tiradas por Geraldo Viola e Pedro Luiz