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Debaixo do paralelepípedo, tem samba – Sonhos de Carnavais

Debaixo do paralelepípedo, tem samba

A imagem que escolhi para homenagear os noventa anos da verde e rosa é do desfile de 1968. Ano do emblemático movimento francês que mobilizou estudantes, operários e modificou o mundo a partir de então.

Em 68, a Mangueira conquistou o bicampeonato com o enredo “Samba festa de um povo”. Império Serrano, a favorita, foi vice com “Pernambuco, Leão do Norte”, e em terceiro veio o Salgueiro com “Dona Beija, a feiticeira de Araxá”. Temas genéricos sem nenhuma relação com o contexto político do momento.

Um mês depois do carnaval, em vinte e dois de março, cerca de 150 estudantes, liderados por Daniel Cohn-Bendit, ocuparam a Universidade Paris Nanterre, o marco deflagrador do movimento que se expandiu pelo país no mês de maio. Os jovens exigiam a libertação de um militante contra a Guerra do Vietnã, preso alguns dias antes em uma manifestação em Paris.

O movimento surgiu criticando o imperialismo e o capitalismo, mas se tornou relevante ao incorporar bandeiras libertárias como: liberdade sexual, feminismo ,ecologia e luta contra o racismo.

Muitos grafites foram pintados nos muros da capital francesa e se transformaram em slogans: “É proibido proibir”, “Metrô, trabalho, dormir”, “Sejam realistas exijam o impossível”, e o quê inspirou o título desse texto, “Debaixo do paralelepípedo, tem praia”.

Palavras de ordem que constituem um legado nem sempre seguido por quem apregoa o caráter revolucionário do movimento. Entretanto, é inequívoco que a vontade de mudar o mundo, herança maior das manifestações francesas, continua a incendiar os corações e mentes.

Os reflexos do movimento francês, que também faz aniversario esse ano, comemora trinta primaveras, foram perceptíveis na Sapucaí, onde enredos com uma forte crítica social e política tiveram destaque.

Beija-flor que foi campeã, empunhou a bandeira da luta contra a corrupção, violência, intolerância de gênero e racial. Portela denunciou a xenofobia. Michel Temer e sua politica trabalhista foram o alvo da Paraíso do Tuiuti, num desfile memorável. E a Mangueira, que comemora noventa anos, fez um desfile-manifesto contra o prefeito Marcelo Crivella.

Pode não ter ganhado o campeonato, ficou em sexto lugar, mas a verde e rosa do morro da Mangueira apresentou um cortejo de plástica irrepreensível, não poupando críticas as tentativas de impedir que o povo da capital carioca viva seu momento de alegria, e cantou à pleno pulmões: “Com dinheiro ou sem dinheiro, eu brinco”. Nada mais fiel ao espirito dos jovens franceses.

Diante das recorrentes tentativas de acabar como o nosso prazer é sempre bom regatar: Debaixo do paralelepípedo, tem samba”.

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Muitos Carnavais

Sou um amante do carnaval e da nossa cultura popular. Não sei precisar minha memória mais antiga da folia carioca. Mas tenho recordações muito antigas: Unidos de São Carlos desfilando pelas ruas do Estácio e seus sambas antológicos, sua ala de nobres, das baianas da Mangueira, da comissão de frente do Império no primeiro desfile que assisti – Alô alô taí Carmem Miranda. O Salgueiro com seus necessários enredos afros. Lembro do bloco de piranhas (de verdade) que saía da zona de prostituição do mangue. Lembro das negas malucas, do bafo da onça, do chave de ouro. A transmissão dos desfiles de fantasias pela TV, Wilza Carla, Elói Machado, Evandro,Bornay... E os bailes do Diabo? America até no carnaval (sou america). As negas malucas, a baianas com chapéu cônico. Saber de ouvir falar do baile do Municipal, Horrores,Enxutos. As caminhadas na Avenida Rio Branco com seus blocos do eu sozinho. Não sei se por nostalgia ou por vício do ofício , sou professor de história, mas é tudo isso que dança na minha memória quando penso em carnaval.