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Garotas folionas – Sonhos de Carnavais

Garotas folionas

Uma arlequina brasileira através do inconfundível traço do desenhista/figurinista Alceu Penna.
Autodidata, dono de um traço ágil e estilo inconfundível desenhava menus, cartazes, cenários, figurinos para shows, decorações e fantasias para bailes de carnaval, renovou inclusive a fantasia da Carmem Miranda quando esta partiu para Hollywood com o Bando da Lua.

Apesar da beleza da imagem, o que mais me chamou atenção foi o pequeno texto, assinado por A.Ladino, que serviu como legenda para a imagem aqui reproduzida.

O autor, numa brevíssima conclamação, aborda temas interessantes relacionados ao carnaval, algumas ideias soam anacrônicas e ingênuas outras permanecem na essência do DNA da folia, leiam:

Chegou a hora das garotas mostrarem as suas graças, e que tristezas não pagam dívidas, enquanto a alegria as aumenta. Folionas por instinto e formação, as garotas querem cantar e sambar, que amanhã, como diz o samba, elas não sabem se vão lá das pernas. Viva, portanto, a folia, com chope à mostra ou uísque escondidinho”.

…Tristeza não paga dívida, enquanto a alegria as aumenta!Advertia ou pregava a uma inevitável entrega? A busca da alegria nos faz inconsequentes, gastamos o que não temos em nome de prazeres momentâneos, movidos por desejos irrefreáveis.

Pior, ainda, para os que não têm opção, e segundo o autor do pequeno texto, são foliões por instinto. Nasceram com essa verve momesca. Não resistem ao tocar de um tambor. Endividarão a alma para tudo se acabar na quarta feira.

Afirma, também que as garotas querem cantar e sambar. O carnaval de rua voltou com força total e números superlativos.Nos mega blocos contemporâneos não vejo mais ninguém cantando ou sambando. Milhões de pessoas seguindo em cortejo, carros de som, mal entendendo a música que explode distorcida das caixas, parecem ter como objetivos únicos apenas beber e paquerar.

Beber é algo em comum . Quase setenta anos depois, é para quase a totalidade das folionas e foliões o combustível essencial. Nossa personagem da commedia dell’arte estilizada precisava beber uísque escondidinha. O chope venceu o uísque. Ninguém bebe destilado no carnaval e se quiser beber não precisa esconder. As grandes cervejarias patrocinam blocos. Cultivaram o hábito. A ideia de beber chope e ir ao bloco está associada. Multidões bebendo e se desfazendo do que foi bebido, num ciclo interminável. É assim hoje. Virou um grande negócio.

Finaliza o texto, seguindo a tradição romana – Carpe Diem, aproveitem a vida. Com dívida ou sem, com uísque ou chope, cantando, sambando , paquerando, o melhor mesmo é se jogar porque, como dizia o samba, nossas folionas não sabem se vão lá das pernas no imprevisível amanhã .

Publicado por

Muitos Carnavais

Sou um amante do carnaval e da nossa cultura popular. Não sei precisar minha memória mais antiga da folia carioca. Mas tenho recordações muito antigas: Unidos de São Carlos desfilando pelas ruas do Estácio e seus sambas antológicos, sua ala de nobres, das baianas da Mangueira, da comissão de frente do Império no primeiro desfile que assisti – Alô alô taí Carmem Miranda. O Salgueiro com seus necessários enredos afros. Lembro do bloco de piranhas (de verdade) que saía da zona de prostituição do mangue. Lembro das negas malucas, do bafo da onça, do chave de ouro. A transmissão dos desfiles de fantasias pela TV, Wilza Carla, Elói Machado, Evandro,Bornay... E os bailes do Diabo? America até no carnaval (sou america). As negas malucas, a baianas com chapéu cônico. Saber de ouvir falar do baile do Municipal, Horrores,Enxutos. As caminhadas na Avenida Rio Branco com seus blocos do eu sozinho. Não sei se por nostalgia ou por vício do ofício , sou professor de história, mas é tudo isso que dança na minha memória quando penso em carnaval.