Notice: Function _load_textdomain_just_in_time was called incorrectly. Translation loading for the insert-headers-and-footers domain was triggered too early. This is usually an indicator for some code in the plugin or theme running too early. Translations should be loaded at the init action or later. Please see Debugging in WordPress for more information. (This message was added in version 6.7.0.) in /home/u366239600/domains/sonhosdecarnavais.com.br/public_html/wp-includes/functions.php on line 6121
Jesus e Oxalá juntos, não pode! O tripé da discórdia – Sonhos de Carnavais

Jesus e Oxalá juntos, não pode! O tripé da discórdia

Uma das imagens mais bonitas do desfile de 2017, o tripé Santo e Orixá, gerou desconforto na arquidiocese. A Estação Primeira de Mangueira, cujo o enredo deste ano era “Só com a ajuda do santo”, concordou em não apresentar, no desfile das campeãs, o polêmico tripé .

O carro abordava o sincretismo religioso, com o Senhor do Bonfim venerado sob a imagem do Nosso Senhor Jesus Cristo em ascensão e Oxalá , orixá associado a criação do mundo. O elemento cenográfico desfilou ao lado da ala “A lavagem do Bonfim”, premiada com o estandarte de ouro de melhor ala de 2017.

No mesmo cortejo, santos apresentavam a escola na comissão de frente, ex-votos cobriam alegorias, São Jorge apareceu numa encenação da batalha contra o dragão, uma porta bandeira representou Nossa Senhora de Aparecida , estandartes em louvor aos santos juninos, tudo sem provocar polêmica alguma.

Teria sido o fato da alegoria retratar o filho de Deus, junto a passistas seminuas o que provocou a interdição? É bom lembrar que no ano de 2016, quando a escola foi campeã, um dos carros era o “Altar de devoção católica”, com uma escultura do Menino Jesus, que não sofreu críticas.

É inequívoco que o carnaval é uma festa profana, e esse é um imbatível argumento para que qualquer religião vete o uso de seus símbolos litúrgicos, sagrados, em seus cortejos.

Curioso, entretanto, como a sociedade aceita nos espaços públicos e laicos de poder (assembleias, tribunais, câmaras, fóruns, escolas) crucifixos em suas paredes. Como deve se sentir um judeu, muçulmano, budistas ou ateu diante de uma invasão do religioso em um espaço secular?

A permeabilidade da sociedade brasileira permite. O sincretismo que deu origem à Umbanda, culto genuinamente nacional, uma jabuticaba brasileira, apoia.

Não faz sentido aceitar que baianas do candomblé lavem as escadarias do Senhor do Bomfim, em Salvador, e uma escola de samba no Rio de Janeiro não possa ter a liberdade de desfilar seu resiliente tripé.

A Arquidiocese, que já havia visitado previamente o barracão da escola, disse não ter visto a escultura. Afirmou, também , não ter feito qualquer proibição. O presidente da Mangueira encerra o assunto assegurando que “houve um entendimento com a Igreja”.

O catolicismo brasileiro sobreviveu majoritário por séculos respeitando a originalidade das suas práticas no Brasil. Será que mudou o Brasil? Ou mudou a Igreja?

Publicado por

Muitos Carnavais

Sou um amante do carnaval e da nossa cultura popular. Não sei precisar minha memória mais antiga da folia carioca. Mas tenho recordações muito antigas: Unidos de São Carlos desfilando pelas ruas do Estácio e seus sambas antológicos, sua ala de nobres, das baianas da Mangueira, da comissão de frente do Império no primeiro desfile que assisti – Alô alô taí Carmem Miranda. O Salgueiro com seus necessários enredos afros. Lembro do bloco de piranhas (de verdade) que saía da zona de prostituição do mangue. Lembro das negas malucas, do bafo da onça, do chave de ouro. A transmissão dos desfiles de fantasias pela TV, Wilza Carla, Elói Machado, Evandro,Bornay... E os bailes do Diabo? America até no carnaval (sou america). As negas malucas, a baianas com chapéu cônico. Saber de ouvir falar do baile do Municipal, Horrores,Enxutos. As caminhadas na Avenida Rio Branco com seus blocos do eu sozinho. Não sei se por nostalgia ou por vício do ofício , sou professor de história, mas é tudo isso que dança na minha memória quando penso em carnaval.