Fidel endureceu e perdeu a ternura

No ano de 1961, Fidel Castro esteve presente aos festejos carnavalescos de Viareggio, na Itália, não em pessoa, mas em imagem. Os artistas que executavam as alegorias para o desfile carnavalesco local tiveram a ideia de modelar um monumental Fidel Castro, com suas vastas barbas, seu chapéu cubano e o seu famoso charuto havana.

No mês que antecedeu ao carnaval Fidel liderou a operação para repelir a invasão que partiu de Miami com objetivo de derrubar o seu governo.O regime de Fidel só se declarou socialista um pouco antes do confronto na Baía dos Porcos.No ano seguinte, Fidel trouxe a Guerra Fria para o quintal dos Estados Unidos e quase empurrou o mundo para a hecatombe nuclear ao permitir que a União Soviética instalasse armas atômicas em Cuba, no episódio conhecido como a Crise dos Mísseis. O líder de uma pequena ilha no Caribe enfrentou o gigante imperialista. O carisma do líder cubano encantou o mundo.

Entretanto, neste mesmo ano, Fidel Castro, proibiu eleições em Cuba depois de declarar a ilha uma “nação socialista” – a revolução não tem tempo para eleições”. Nem todos concordavam com esse ponto de vista. Se não concordavam o grande líder mandava matar. A Revolução Cubana matou 8.190 pessoas, sendo 5.775 execuções por fuzilamento, 1.231 assassinatos extrajudiciais, 984 mortes na prisão e 200 pessoas desaparecidas. O número de mortos na ditadura cubana é quase três vezes superior à ditadura de Pinochet no Chile (3.000 pessoas) e quase 19 vezes superior à ditadura brasileira (434 mortos).

Fora os assassinatos, a ditadura socialista levou milhares de gays para campos de concentração ou a serem deportados.

Fidel declarou que “um homossexual não pode ser um revolucionário”. Em 1965 Fidel e Che Guevara criam as Unidades Militares de Ajuda à Produção (UMAP),acampamentos de trabalho agrícola em regime militar, com cercas de 4 metros de arame farpado, onde os homossexuais e outros “marginais” realizavam até 16 horas trabalho forçado, nos canaviais em condições desumanas muito semelhantes aos campos de concentração nazistas.

De acordo com o Primeiro Congresso Nacional de Educação e Cultura de Cuba (1971), “os desvios homossexuais representam uma patologia antissocial, não admitindo de forma alguma suas manifestações, nem sua propagação, estabelecendo como medidas preventivas o afastamento de reconhecidos homossexuais artistas, intelectuais e professores do convívio com a juventude, impedindo gays, lésbicas e travestis de representarem artisticamente Cuba em festivais no exterior.”

Em 1980, segundo informes oficiais, 1700 “homossexuais incorrigíveis” de Cuba foram deportados para os Estados Unidos, embora organizações de direitos humanos calculem que ultrapassaram 10 mil gays e travestis expulsos de seu país.

No início da crise da Aids, Cuba foi denunciada internacionalmente pela criação de rigorosas prisões para “sidosos”, (doentes de aids), em sua maior parte, homossexuais.

Consta que o próprio Guevara, ao encontrar na Biblioteca da Embaixada Cubana em Argel, a obra Teatro Completo de Virgilio Piñera, homossexual assumido, jogou o livro na parede, dizendo: “como vocês têm na nossa embaixada o livro de um ‘pajaro maricon’!” o sinônimo cubano para veado.

Na semana em que Fidel morreu(aos 90 anos) gostaria ,com esse post ,homenagear todas as suas vítimas, principalmente gays e lésbicas que padeceram diante de uma imensurável desumanidade de um infeliz que endureceu e perdeu toda a ternura.

Luís XV, Isabel de Portugal e Lohengrin

Já imaginou uma festa com os três acima! Ferveção total. Todos animados, elegantes e empoderados. Vamos lá, da esquerda para direita: O rei da França, Luís XV(1710-1774). Casou-se com Maria, filha do rei destronado da Polônia, o que levou Luís XV a combater a Áustria e a Rússia na guerra de Sucessão polonesa (1733-1738). Outra conflito que se envolveu foi desastrosa guerra dos Sete Anos (1756-1763) contra a Grã-Bretanha. Perdeu a guerra e a maior parte de suas colônias. O rei caiu no descrédito de seus súditos, abrindo o caminho em direção a deflagração da Revolução Francesa (1789). Durante quase todo seu reinado, manteve amantes que exerceram grande influência no governo, como a marquesa de Vintimille , a célebre madame Pompadour e a derradeira du Barry. Sua roupa foi orçada em módicos 6 milhões de cruzeiros. Quinze metros de veludo real foram empregados, afora os enfeites caríssimos. Morreu vitimado pela varíola. Isabel de Avis, Isabel de Aragão, Isabel de Viseu? Não sei exatamente qual a Isabel representada. Só sei que na sua roupa foram empregadas 16 mil pedras da Tchecoslováquia (sim, ainda havia Tchecoslováquia, em 1961) e 8 mil pérolas, além 625 milheiros de lantejoulas, foram incrustadas em 62 metros de fazenda colorida. Foi confeccionada por Marcílio Campos, costureiro pernambucano, até então, bicampeão do carnaval carioca. Acredito que qualquer uma das possíveis isabéis ficariam muito satisfeitas com o capricho do modelo escolhido. Lohengrin, um cavaleiro do Santo Graal, filho do cavaleiro da távola redonda, Parsifal. Personagem da mitologia germânica, foi tema de uma ópera de Wagner. Sempre que aparece está num barco puxado por um cisne, e se apresenta deslumbrantemente vestido. No baile do Municipal , não economizou, usou 52 cabuchões (raríssimos) de louça de Limonges. Foi confeccionada em veludo inglês, nas cores preta, azul e prata. Sua espada foi importada diretamente da Alemanha. Com muitas vitórias acumuladas, Clóvis Bornay, o nosso Luís XV, foi declarado, em 1961, “hors-concours’ e ganhou o direito de se apresentar nos concursos sem ser julgado. A pernambucana Denise Zelaquett encarnou a rainha Isabel. Evandro de Castro Lima representou Lohengrin.