Elsa Martinelli, a mulher mais estilosa do mundo, nos anos 1960

Nascida em 1935, em Grosseto, na Toscana, sétima filha de uma família de oito filhos, a bela atriz era modelo antes que o ator americano Kirk Douglas a visse em uma fotografia na revista “Life” e a contratasse para seu western “A Um Passo da Morte”, de 1955.

Reconhecida por sua beleza e talento, espécie de Audrey Hepburn italiana, foi considerada por Vittorio De Sica a “mulher mais estilosa do mundo ” nos anos 1960.

Em 1957, casou-se com o milionário conde Franco Mancinelli, com quem teve uma filha, antes de se divorciar e se casar com o fotógrafo/repórter Willy Rizzo.

Em 1962 esteve no Rio de janeiro em companhia do conde. Ao retornar no carnaval de 1964 veio acompanhada do então namorido Willy Rizzo.

A revista Fatos e Fotos afirmava: “Ambos gostam de viajar, detestam a artificialidade dos estúdios e os ambientes sofisticados de Roma e Paris. Por isso escolheram o carnaval do Rio como palco de sua lua de mel.”

Contrariando o modelo das voluptuosas mamas italianas, a esguia e elegante Martinelli antecipava um estética que se tornaria padrão somente algumas décadas mais tarde.

Como se não fosse suficiente o glamour da “Hepburn” italiana marcaram presença no carnaval carioca em 1964: Françoise Dorléac, irmã de Catherine Deneuve e Brigitte Bardot acompanhada do namorado marroquino-brasileiro Bob Zagury.

Martinelli divide a foto publicada na postagem com um ícone da beleza local a miss Brasil 1958, Adalgisa Colombo. No Miss Universo, realizado em Long Beach, ficou em segundo lugar

Elsa morreu em Roma em 8 de julho de 2017, aos 82 anos.

Volta Belchior!

Boa parte do que aprendi, em minha adolescência, foi através das músicas que ouvi em uma pequena vitrola. Caetano, Chico, Gonzaguinha, Ivan Lins, Milton, Elis, Bethânia, foram fundamentais na minha formação. Cresci acreditando “que uma nova mudança em breve irá acontecer…E o que há algum tempo era novo, jovem, hoje é antigo e que precisamos todos rejuvenescer…

Um dos responsáveis por parte do que penso e sou, Belchior, de 70 anos, morreu na madrugada deste domingo (30/4) em Santa Cruz do Sul (RS).
Belchior apareceu no Festival Universitário da TV Tupi, em 1971, com a música “Hora do Almoço” que acabou ganhando o primeiro lugar do concurso.

O cantor e compositor consolidou sua carreira com três discos geniais, lançados de 1974 a 1977.

Há dez anos sumido da vida pública, foi um artista, que para alguns, optou em viver a liberdade que cantava. Músico de sucesso na década de 70, ficou recluso, se ausentando dos palcos. Abandonou tudo.

Há outros intelectuais, não muitos, que optaram pela misantropia: J.D. Salinger de “O apanhador no campo de centeio”, rompeu com o mundo e foi se esconder no interior dos Estados Unidos. O Poeta francês Rimbaud parou de escrever e passou o restante da vida viajando.

Na onda dos blocos temáticos, no carnaval deste ano, 2017,os fãs do cantor cearense criaram em Belo Horizonte o “Volta Belchior.”

De acordo com o idealizador do bloco, Kerison Lopes, o cordão tem por objetivo homenagear o “filósofo da música popular brasileira”. “Ele é um dos principais compositores que trata de questões sociais em suas letras. Não tem uma letra que não ensina algo, cada verso dele é carregado de poesia e de significado“, afirma.

Ao ser perguntado o que achava do sumiço do cantor, Pedro Martins, outro fundador da agremiação, respondeu: “Achamos espetacular. Numa época que todos estão super expostos, com redes sociais e selfies banais, um artista respeitado, como o Belchior, decide se isolar, fugir do mainstream e viver a vida dele é um exemplo. A vontade sincera nossa era ir junto com ele. Alguns até brincam que o bloco deveria chamar “me leva, Belchior”.

Entretanto, uma outra versão sobre o desaparecimento do bardo de Sobral circula: saídas disfarçadas em hotéis sem pagamentos de diárias, malas retidas, inadimplência no pagamento de pensões aos filhos, mais fugas, dívidas milionárias, roupas e materiais de trabalho abandonados às pressas passaram a ser a rotina do cantor e sua nova companheira no sul do Brasil.

Misantropia? Um pensador que quis romper com seu passado ou a louca escapada de um mau pagador? Em dias onde uma narrativa criada vale mais que a verdade propriamente dita, prefiro ficar com a memória do ídolo dos tempos da adolescência que se apresentava como um rapaz latino americano, sem dinheiro no bolso sem parentes importantes…e que se recusava a envelhecer, guardado por Deus, contando o vil metal..

Obrigado pelas belas canções. Valeu Belchior!

Os atabaques da Ilha

Um dos momentos mais sensacionais do desfile de 2017 foi o toque dos atabaques da União da Ilha. A bateria de mestre Ciça (Estandarte de Ouro) enlouqueceu as arquibancadas com uma paradinha em que os ritmistas se abaixavam e o samba era sustentado por um grupo de atabaques.

Com o enredo “Nzara Ndembu -Glória ao Senhor do Tempo”, do carnavalesco Severo Luzardo, a escola insulana trouxe uma mensagem poética sobre o passado, o presente e o futuro da humanidade. A cosmogonia Banto/Angola pela primeira vez desfilou na Sapucaí.

Os trabalhos foram abertos por uma sensacional comissão de frente, comandada por Carlinhos de Jesus, que ganhou o estandarte de Ouro, encenando o ritual Macurá Dilê. Em sequência, uma impactante ala, “Os povos Bantos”, apresentava a nação de Angola.

Um dos melhores sambas do ano deu chance ao puxador, Ito Melodia, a dar um show de carisma e competência, mais um Estandarte de Ouro .

Infelizmente, num desfile marcado por graves acidentes com carros alegóricos , a Ilha teve dificuldade para colocar um dos seus na avenida: “O Fogo de Uiangongo”. Um buraco se formou entre a ala anterior e a alegoria. Erro que prejudicou, sem dúvida, a agremiação, que terminou em oitavo lugar.

Mas a imagem que vai ficar na memória de todos, são os Ogãs, “Tocadores de Atabaque”, incendiando as arquibancadas com toque do reino de Samba Kalunga.

Sagrado nas religiões africanas, o atabaque é utilizado para enviar e receber mensagens espirituais. Aquele que toca o tambor é um orador e um comunicador de mensagens sagradas. E os deuses da África ecoaram : Êh êh no girê, êh no gire/ Macurá dilê no girá/ É o tempo de fé, união/ O tambor da ilha a ecoar

Parabéns Ilha pelo grandioso desfile de 2017.