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D Pedro I – Sonhos de Carnavais

Independência e vida!

“…O baile do clube Tamoio, de São Gonçalo, surpreendeu este ano com a presença de um machão na passarela do concurso de fantasias. Vestido de D.Pedro I, Danton Jardim, estranho à competição, chegou e quase desbanca Evandro de Castro Lima, conseguindo bater outro campeão, Augusto Silva.

A novidade rapidamente se espalhou no Tamoio e as pessoas, principalmente as menininhas, procuravam conferir, buscando nos gestos de Danton Jardim o menor deslize: a posição do pé quando parado, a maneira de segurar o cetro e a espada de D. Pedro, o andar diante do juri e, posteriormente, na passarela, durante o desfile para os foliões, no ginásio. Ao final, parece que todos se convenceram: “ Ele é realmente diferente”.

– Estou na minha – afirmou Danton -, pois esta é uma curtição com outra qualquer. Não tenho problemas de afirmação. No carnaval, as pessoas se vestem de todas as formas. Os homens saem de mulher, num vale-tudo extraordinário. Eu resolvi vestir fantasia de luxo e concorrer, sem grilo e sem me preocupar com o que os outros vão pensar. Acho que por isso , não preciso justificar nada. ”

O texto de autoria do jornalista Jorge Segundo, transcrito da revista O Cruzeiro, de 23 de fevereiro de 1972, revela preconceitos e avanços de um Brasil de 50 anos atrás.

Em 72 nosso país completava cento e cinquenta anos da sua Independência. Muito oportuna a homenagem ao imperador que rompeu os ultimos laços com Portugal. Vivíamos o auge da ditadura militar que nos governou por 21 anos.

Interessante notar a preocupação com a sexualidade do desfilante. Mais interessante ainda é registrar a tranquilidade de Danton, que pouco estava se importando com os danos que lhe seriam impostos por ousar ocupar uma função tradicionamnete restrita a homossexuais.

Passados quarenta e nove anos os militares estão no poder e não estão sozinhos, religiosos fundamentalistas ocupam ministérios e fazem questão que lembrar que meninas vestem rosa e meninos azul. O próprio chefe do executivo tem uma necessidade constante de afirmar sua virilidade. Ja se declarou imbrochável.

Para coroar esse festival de retrocessos; O sete de setembro, neste 2021, esta reservado para uma série de manifestações contra a democracia! Talvez até ensaiar um golpe impondo um governo autoritário.

O país caminhou para trás. O futuro não aconteceu. Está na hora de tirar a fantasia do baú, dar um basta nos preconceitos e gritar: Independência e vida!