Luiz Melodia, o poeta do Estácio

… “Palmeira do Mangue não nasce na areia de Copacabana”… já afirmava Noel Rosa. Talvez um substrato fertilíssimo vindo do canal que capta o esgoto dos bairros circunvizinhos, ou da antiga zona de meretrício, também conhecida pelo mesmo nome explique a força dessas palmeiras. Ou quem sabe a forte herança cultural dos primeiros moradores do centro do Rio de Janeiro, desalojados pela política higienista do prefeito Pereira Passos, para morros, como o de São Carlos? Ou para pioneiros conjuntos habitacionais como o ainda de pé da rua Salvador de Sá?

Teria sido a energia dos baianos e baianas que criaram o samba a partir de suas batucadas na limítrofe Praça Onze?

Não se sabe ao certo o porquê desse pequeno bairro do centro do Rio de Janeiro ser o celeiro de bambas da música e da poesia. Todos inventando e reinventando a batida perfeita. O morro de São Carlos/Estácio que nos deu a primeira escola de samba, também nos legou Ismael Silva, Moreira da Silva, Ângela Maria, Dominguinhos do Estácio, Gonzaguinha, Luiz Melodia, que com sua sensibilidade sofisticada, através de construções poéticas de extrema complexidade, traduziu, como ninguém, de forma amorosa a gratidão pelo seu bairro de origem: “Se alguém quer matar-me de amor/Que me mate no Estácio/Bem no compasso, bem junto ao passo/Do passista da escola de samba/Do Largo do Estácio. ”

Chegou a frequentar programas de calouro. Mas tudo aconteceu para ele quando conheceu os poetas Torquato Neto e Waly Salomão, que o levaram para a Ipanema do desbunde Hippie.
Em 1972, Maria Bethânia gravou “Estácio Holly Estácio” e chamou a atenção para aquele jovem compositor. Posteriormente, os LPs “Pérola Negra” (1973), “Maravilhas Contemporâneas”(1976) e “Mico de Circo” (1978) consolidaram sua fama.

Luiz Melodia faleceu na madrugada de 4 de agosto de 2017, no Rio, em decorrência de complicações de um câncer que atacou a medula óssea.
Velado na sede da sua escola de coração e enterrado no cemitério do bairro irmão, Catumbi, Luiz Melodia não nasceu na areia de Copacabana, mas no Estácio, território fértil e inspirador. Suas belas canções fazem parte da história do nosso cancioneiro popular.

Como diria o poeta: “Arranje algum sangue, escreva num pano”: Melodia Vive.

Caiu do carro alegórico

Quem acompanhou o carnaval de 1980, não esquece a cena: a queda de Mauro Rosas do alto de uma alegoria de três metros e meio de altura. Com 39 anos na época, pesando 110 quilos e com uma fantasia de mais de 70, Rosas se desequilibrou quando passava em frente ao camarote onde estava o apresentador Chacrinha durante o desfile da Unidos de São Carlos, que apresentou o enredo “Deixa Falar”.

“Fiquei emocionado e tentei me virar para retribuir os aplausos . Procurei então me agarrar ao pau que servia de corrimão e tive uma incrível sensação de vazio. Durante a trajetória no ar, pensei na Santíssima Trindade. Para não cair de cabeça, consegui virar o corpo no espaço e bati no chão com o ombro direito”, explicou o ator e figurinista em uma reportagem feita pela revista Manchete.

O choque com o chão, segundo cálculos dos socorristas que atenderam o destaque, foi a 36 quilômetros por hora. O resultado da queda: nove costelas fraturadas – uma delas perfurou o pulmão direito. Um milagre, segundo a equipe médica responsável pelo atendimento a Mauro Rosas, que se recuperou rapidamente: quatro dias depois já andava amparado pelo hospital.

O texto desse post foi retirado integralmente:http://extra.globo.com/noticias/carnaval/carnaval-historico/destaque-cai-no-meio-do-desfile-quebra-nove-costelas-provoca-susto-em-1980-15110784.html

Foto publicada na Revista Manchete 1/3/1980