Spartacus, de sandália e espada no carnaval do Rio

Filho de imigrantes judeus russos e pobres, consagrou-se como ator, tornou-se produtor, fez fama e fortuna. No momento da publicação dessa postagem, o ator , ainda vive e está prestes a completar 100 anos , no próximo 9 de dezembro.

Kirk Douglas, no ano de 1960, produziu e estrelou Spartacus. A película consumiu 21 milhões de dólares (190 milhões, hoje). Há quem diga que Kirk Douglas só fez esse filme porque não foi escolhido para fazer o papel principal em Ben-Hur. O que temos certeza, entretanto, foi o propósito de enfrentar a direita norte-americana tomada pelo Macarthismo (campanha de caça aos comunistas).O filme narra uma revolta de escravos na Roma antiga. A direita atacou o filme abertamente em seus jornais, convidando o povo a não ir ao cinema para assisti-lo.

O filme foi muito perseguido pela colunista Hedda Hopper e pela Legião Americana por ter usado o livro de Howard Fast, um comunista, e pelo roteiro de Dalton, que também era comunista.

Inicialmente dirigido por Anthony Mann, mas após desavenças com o produtor foi substituído por Stanley Kubrick, que era um diretor em ascensão. Além de Kirk Douglas no papel de Spartacus, participam do filme uma reunião de astros e estrelas: Laurence Olivier(Crassus), Charles Laughton sensacional como o senador romano, Jean Simmons fazendo a sofrida Varinia. Peter Ustinov ganhando o Oscar pelo seu mercador de escravos e ainda temos Tony Curtis, Herbert Lom e Woody Strode.

O Spartacus(120 a.C.-70 a.C.)histórico era um soldado de Roma, nascido na região da Trácia. Desertor, foi capturado e rebaixado à escravo. Por seu porte físico e grande força, foi comprado pelo “lanista” (contratador de gladiadores).Devido aos maus tratos formou um grupo de aproximadamente 200 gladiadores cativos, como ele, e iniciou uma rebelião, armados apenas com os talheres usados em suas refeições. Somente 78 (segundo Plutarco) ou 30 (segundo Floro) conseguiram escapar. Spartacus conseguiu reunir aproximadamente 100 mil homens, principalmente escravos rebelados e formou seu exército, liderando a mais célebre revolta de escravos da história da Roma Antiga, que ficou conhecida como “A Terceira Guerra Servil”, “Guerra dos Escravos” ou “Guerra dos Gladiadores”.

Temos algumas sequencias de ação incríveis como: o treinamento dos gladiadores, o motim e a guerra contra a legião romana. Numa das cenas mais eloquentes de Spartacus, o general romano vivido por Laurence Olivier oferece misericórdia aos escravos derrotados em seu levante em troca da delação de seu líder, Spartacus (Kirk Douglas). Todos se recusam, bradando, um a um: Eu sou Spartacus! Parece que Kubrick detestava a cena, mas manteve mesmo assim, pelo seu provável sucesso junto as espectadores.

É uma das primeiras superproduções que contém uma cena carregada de homoerotismo. A mais famosa delas é a que o escravo Antoninus (Toni Curtis) banha o seu senhor Marcus Crassus (Laurence Olivier), enquanto discutem se gostam de “caramujos” ou “ostras”.Crassus olha para seu escravo e afirma “gostar das duas coisas”.

O roteirista do filme era um comunista perseguido pelo senado americano, Dalton trumbo. Entretanto, o comitê chefiado pelo senador MacCarthy estava com seus dias contados. A partir da segunda metade da década de cinquenta quando atingiu figuras de destaque do exército, o Senado, em dezembro de 1954, censurou MacCarthy.A campanha de perseguição aos comunistas começou a perder a sua força.
Um duro golpe na lista negra veio com a decisão de Kirk Douglas que recusou-se a ocultar o nome de seu roteirista nos créditos(prática comum para proteger os perseguidos)—Dalton Trumbo.

Kirk Douglas foi a maior atração do baile de Gala do Municipal de 1963. Fantasiado de Spartacus e com a mulher sempre do lado, o ator americano fez de tudo: pulou, brincou e bebeu e deu a maior soma de autógrafos de sua vida.

O jornal Correio da Manhã afirmava: `Seu entusiasmo provou que o carnaval carioca mexe até com romanos dos tempos idos.
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As gêmeas da banda

Vislumbro duas possibilidades de condução do meu processo de envelhecimento: O caminho mais óbvio é contabilizar amarguras,insucessos,ressentimentos e frustrações e ir me transformando em um clichê de velho. Na contramão desse imagem negativa da velhice,as irmãs gêmeas Laura e Délia, com mais de 80 anos, entraram para a história da Banda de Ipanema e do Carnaval carioca. Quem frenquentou os desfiles da Banda nos anos 80, testemunhou a alegria incontida de duas octagenárias que rasgavam a camisa de força que o tempo nos vai impondo e caíam na folia. Esqueciam a sensiblidade ao barulho, a perda da visao, empurrões, pisões,o temor da violência, o tumulto inevitável da festa e simplesmente brincavam. A postagem de hoje é uma homenagem às duas gêmeas que jamais perderam a alegria de viver!