Haroldo Costa, o nosso Orfeu

Ator, produtor, escritor na verdade muito mais que qualquer atividade exercida por ele, a importância de Haroldo Costa está no seu compromisso com a cultura do nosso país. Desde a segunda metade do século passado, vem resgatando e construindo a identidade cultural brasileira.

Falar que protagonizou Orfeu da Conceição, foi Jesus no Auto da Compadecida, escreveu dezenas de livros sobre o carnaval carioca, viajou o mundo divulgando a cultura brasileira, atuou em novelas e filmes? Nada seria suficiente para dimensionar a sua importância.

Haroldo também é um folião desses que não deixam passar um carnaval. Tive dificuldade de escolher uma foto para essa postagem. São inúmeros os registros dele e de sua esposa Mary Marinho nas páginas da Manchete e Cruzeiro nos últimos cinquenta anos.

Na foto Silvio César, Haroldo Costa, Mary Marinho, no Baile do Hotel Nacional, em 1974 .

Saudações ao nosso grande Orfeu.

A chorus line mestiça

Observe o estilo da Chorus Line salgueirense: calças com nesga,bustiê de lamê vermelho, um charmoso chapeuzinho assentado sobre um lenço listrado com as cores da Escola,inacreditáveis scarpins com salto e as pastoras da alvirrubra tijucana !Ah..as pastoras… que elegância! Nada que possa ser aprendido em manuais de estilo.O segredo estava no orgulho em defender uma agremiação que fez o negro cantar o negro na avenida. E inovando mais uma vez, Os Acadêmicos cantaram a história do berço do samba: a praça Onze. Abre a roda meninada, que o samba virou BATUCADA !O carnavalesco Fernando Pamplona dizia na sua sinopse: Substituindo o tradicional desfile cronológico, o Salgueiro castiga o tema para mostrar abertamente, do jeito que pode, o milagre do casamento religioso,social, racial e da cultura de todas as raças que fizeram o Brasil, país único, magistralmente sintetizado no complexo cultural que explodiu na praça Onze. Algumas informações curiosas foram ressaltadas pela revista Cruzeiro (17/02/1970):..depois de vinte minutos de desfile, já conquistara o povo das arquibancadas, que fazia o coro ritmado: `já ganhou! já ganhou! Além da bateria, ganharam muitos aplausos: Paula do Salgueiro,que sambou mais rápido do que nos anos anteriores; Jorge Ben, que passou ladeado de duas pastoras, e Isabel Valença (Chica da Silva), que o povo aplaudiu de pé.Quando a Escola deixou a passarela da Presidente Vargas, eram decorridos apenas 50 minutos desde o início do desfile.No dia 8 de fevereiro de 1970, o Salgueiro foi vice-campeão, com o enredo praça Onze,Carioca da Gema (83 pontos). Perdeu para Portela,com o enredo Lendas e Mistérios da Amazônia.(88 pontos).