O e-mail secreto de Dilma: 2606iolanda@gmail.com

Em recente delação feita aos procuradores da operação Lava-Jato, Mônica Santana, marqueteira da campanha presidencial de Dilma Rousseff junto com o marido João Santana, afirmou que trocava informações secretamente, com a então presidente, através uma conta falsa num provedor gratuito.

Dilma teria informado ao casal Santana, à época fora do Brasil, que seriam presos quando retornassem. Rousseff nega e acusa Monica de prestar falso testemunho.

O nome fictício da conta, 2606iolanda@gmail.com, foi uma freudiana lembrança de Iolanda, mulher do General Costa e Silva, presidente na época em que Dilma esteve presa por atividades guerrilheiras contra a ditadura militar.

Costa e Silva, marido de Iolanda, governou entre março de 1967 e agosto de 1969. Foi em seu governo que houve a instauração do Ato Institucional nº5, considerado o mais duro golpe contra a democracia no Brasil. Mesmo com a assinatura do AI-5 em 1968, D.ª Iolanda continuou descrevendo seu marido como “uma pessoa mole, de coração enorme”.

Afinal, quem foi Iolanda Costa e Silva?

A imagem oficial apresentava a mulher do segundo presidente da ditadura militar como: católica fervorosa, participante assídua do grupo de mulheres tradicionalistas que combatia a suposta infiltração comunista nas igrejas e na sociedade. Entretanto, interesses não tão conservadores tornam controversa a personalidade da, então, primeira esposa do país.

Falante e extrovertida, a primeira esposa, gostava de mandar e influenciar: atribui-se a ela a indicação de Paulo Maluf à presidência da Caixa Econômica Federal. Além disso, segundo as más línguas, ela teria ajudado Maluf a chegar à prefeitura de São Paulo após receber um presente deste, um colar de diamantes. Afirmava-se que Iolanda tinha uma fraqueza por presentes caros.

Promovia também festas, rodadas de pôquer e desfiles de moda no Palácio da Alvorada.

Jovens estilistas como Zuzu Angel, que mais tarde, na década de 70, teve o filho, Stuart, torturado e morto pelo governo militar, eram convidados a mostrar o seu trabalho.

Em um dos seus encontros fashion participou um jovem modelo chamado Fernando Collor de Mello. Fofocas na época diziam que a primeira dama tinha apreço por rapazes jovens.

Infelizmente, a elegância da consorte do presidente não era uma unanimidade. Sempre muito sincero, o estilista Clodovil, que trabalhava na Rádio Panamericana, dando conselhos de moda, criticou um vestido de Iolanda. Foi demitido.

Disseminou-se a versão que o derrame que atingiu Costa e Silva e levou-o prematuramente à morte, teve como um dos ingredientes as fofocas e comentários maldosos que envolviam sua esposa.

A paranaense também ficou conhecida por iacelerar, em troca de presentes,a tramitação de qualquer solicitação feita por empresários ao seu podoreso conjugê.

Na foto publicada na revista Cruzeiro, em 1968, Iolanda aparece animadíssima, no Baile do Municipal, é a primeira da direita para esquerda. Mario Andreazza, o então ministro dos Transportes, responsável por obras como transamazônica e ponte Rio e Niterói, divide o mesmo camarote, é o primeiro da esquerda para direita.

Registra-se, também, a presença do ex-presidente Juscelino Kubitscheck (não aparece na foto). Acusado pelos militares de corrupção e de ser apoiado pelos comunistas, teve seu mandato cassado e seus direitos políticos suspensos. Desde 1967 estava em campanha contra a ditadura militar, que por sua vez estava representada pelo ministro e a primeira dama em camarote próximo.

A referência ao Regime Militar não fica só no nome da primeira dama, mas também na numeração. Foi no dia 26 de junho de 1968 que a Vanguarda Popular Revolucionária assassinou o soldado Mário Kozel Filho, de apenas 18 anos. Dilma fazia parte do grupo.

Por que Dilma resgatou o nome da primeira dama? Uma ironia? Que fascínio ou trauma a senhora citada exerceu sobre a jovem militante política?

Para o bem ou para o mal Dilma não esqueceu Iolanda e nós não esqueceremos Dilma.

O ocaso de Eduardo Paes

Fã de carnaval, torcedor da Portela, o ex-prefeito do Rio de Janeiro Eduardo Paes (PMDB), que governou a capital fluminense de 2009 a 2016, está morando nos Estados Unidos com a família, veio ao sambódromo para acompanhar o desfile das campeãs, que reúne as seis escolas de samba mais bem colocadas no concurso.

Sobre a fama de pé-frio, já que a escola ganhou justamente no primeiro ano em que Paes não estava, após oito anos de mandato sempre marcando presença no desfile, o ex-prefeito levou com bom humor: “É bom que tenha sido assim, porque se tivesse sido durante meu governo iriam dizer que eu armei o resultado”. Faltou ao desfile oficial, mas estava presente no consagrador desfile da campeã de 2017!

Em clara campanha para o governo do Estado, sua visita à passarela do samba, no ano em que o atual alcaide se recusou a abrir os festejos de momo, pouco repercutiu.

De barba e mais gordo, antes de desfilar pela Portela, Paes acompanhou os desfiles das escolas que se apresentaram antes da azul e branco de Madureira, acompanhado por Pedro Paulo, seu candidato (derrotado) na última eleição para prefeito, em outubro passado.

Pleito precedido por “infortúnios” (desabamento da ciclovia),revelações surpreendentes (grampo telefônico divulgado pela Operação Lava-Jato) e atitudes arrogantes (humilhou uma médica que atendeu seu filho),que deram a Eduardo Paes a chance de contribuir para o insucesso de seu preferido.

Duas semanas após a divulgação do resultado oficial, a Liga das Escolas de Samba optou em dividir o primeiro lugar no pódio, até então, exclusivo da Portela, com mais uma agremiação, a Mocidade. Teria sido a malfadada presença do ex-prefeito?

Crendices à parte, o que realmente vem ocupando espaço na mídia é a citação do nome de Paes na lista de investigados pela Lava-Jato. Um obstáculo aos planos do nosso portelense em Nova Iorque.

O inquérito aberto para apurar o repasse de valores pela Odebrecht ao ex-prefeito Eduardo Paes e ao deputado federal Pedro Paulo, candidato derrotado à sucessão municipal indica que a Odebrecht desembolsou R$ 16 milhões, interessada na facilitação de contratos relativos às Olimpíadas de 2016.

Os repasses teriam sido feitos em 2012, quando Paes disputou a reeleição. O pemedebista seria o “Nervosinho” que aparece em planilha de doações da empreiteira.

Como tudo que está ruim ainda pode ficar pior, o atual prefeito, Crivella, também questiona a situação financeira da prefeitura do Rio de Janeiro , e acusa o seu antecessor de ter escondido da população a situação falimentar que a mesma já se encontrava. É o ocaso de um político que chegou a ser cotado para disputar a Presidência da República.

Obs:Se você é supersticioso e portelense, bata na madeira e peça ajuda aos santos, pois Eduardo promete voltar à passarela do samba em 2018.