Escolas (de samba) com partido

Desconfie sempre de quem se diz neutro. Há sempre um desejo de impor a sua verdade por trás de quem se afirma isento.

Os poderes se comunicam e nos afetam. Ao abordar qualquer tema dialogamos com o poder instituído, político, partidário ou não.

Engenheiros, administradores atuam politicamente. Um médico ao se recusar a prescrever remédios ineficazes está fazendo política.

Manifestações culturais e artísticas ocupam um espaço importante nesse dialogo com os poderes presentes em qualquer sociedade humana.

Em 2018, no desfile da escola de samba Paraíso do Tuiuti, no Carnaval do Rio, o presidente Michel Temer, foi representado na forma de um diabólico “presidente vampiro” no alto de um carro alegórico.

Uma ala com fantasias de ‘manifestantes fantoches’, ironizando os que foram as ruas para pedir o impeachment da presidente Dilma e mãos gigantes representando a mídia, , também fizeram parte do desfile da agremiação.

Em recente entrevista, um dirigente da empresa que dirige o certame, afirmou que a sátira ao então presidente custou o patrocínio da Caixa Econômica ao desfile das escolas de samba.

“A Liesa recomenda que as escolas não sejam tão agressivas porque o intuito do carnaval não é crítica e nem ato político. A Liga não tem bandeira e nem ideologia, não é nosso intuito fazer críticas a quem quer que seja, direita, esquerda, nada”, afirmou o presidente da entidade.

Uma manifestação artística para se manter viva tem que gerar incomodo, polêmica, tem que ter coragem de ousar, conversar com o seu tempo, fazer pensar, refletir.

Não existe escola sem partido, nem de samba!