Índio não quer apito e nem carne de papelão

O mesmo agronegócio que deixou em meia-guarda a Imperatriz Leopoldinense, devido às críticas ao setor enunciadas no enredo da Escola em 2017: “Xingu – O clamor que vem da Floresta”, está nas cordas com a denúncia da Operação Carne fraca, empreendida pela Polícia Federal.

O belo monstro roubas as terras dos seus filhos, devora as matas e seca os rios. Tanta riqueza que a cobiça destruiu. Sou o filho esquecido do mundo, minha cor é vermelho de dor, o meu canto é bravo e forte, mas, é hino de paz e amor”, dizia o belo samba da agremiação. Com certeza esse foi o tema mais politizado a desfilar na passarela do samba em 2017.

A luta dos povos indígenas contra a perda de terras, o desmatamento, o uso indevido de agrotóxicos, as queimadas, os madeireiros, e os danos ambientais causados pela Usina Hidroelétrica de Belo Monte desencadeou a ira do agronegócio.

O senador Ronaldo Caiado (DEM) chegou a afirmar que iria propor uma comissão temática em Brasília para debater o assunto! A ideia seria convidar integrantes da Imperatriz a se explicarem, além de investigar as fontes de financiamento do grupo carnavalesco.

Uma reação em cadeia de associações e confederações intimidaram os dirigentes do grupo carnavalesco, chamando-os de ignorantes e propagadores de mensagens equivocadas com relação à atividade econômica em questão e ressaltaram a importância do segmento que representa um quarto do PIB nacional.

Ignorante, na verdade, era todo o povo brasileiro que nada sabia do envolvimento de políticos na nomeação de ficais sanitários, 70% das 27 superintendências do ministério da agricultura nos estados eram preenchidos por indicações políticas. Das 26 agencias de fiscalização 19 são controladas por partidos políticos.

Nada sabíamos sobre os pagamentos de propina a fiscais agropecuários para liberação de irregularidades na venda de produtos, alguns recebiam até peças de carnes nobres como suborno.

Ignorávamos que um terço da carne brasileira não tem qualquer fiscalização, que os frigoríficos escolhiam os fiscais que os inspecionavam, que as salsichas de peru destinadas à merenda dos alunos de escolas públicas do Paraná, na verdade eram feitas de carcaça de frango.

Desconhecíamos sobre as doses elevadas de substâncias cancerígenas, como o ácido sórbico utilizadas para maquiar carnes podres, entre outros absurdos.

A denúncia foi exagerada? Não era uma prática disseminada? Foram casos pontuais? O trabalho policial se limitou a 44 frigoríficos e resultou na investigação de 21, na cassação da licença de quatro e na interdição de três. Muito pouco num universo de 4837 frigoríficos, sim. Entretanto, a denúncia principal da Polícia Federal é de corrupção e é a comprovação inequívoca de que essa praga se espalhou pelo país. Políticos estavam onde não deviam estar.

Logo a artilharia pesada saiu em defesa dos grandes grupos econômicos. Como ousar questionar um setor tão produtivo da nossa economia? A estratégia é desqualificar e desmoralizar o fiscal que teve a coragem de denunciar. Os investigadores foram crucificados. Quem sabe até passar a ideia de que todas as operações em curso pela Policia Federal são equivocadas? Que é preciso aprovar com urgência o projeto de lei 280, do senador Renan Calheiros, que prevê uma ação penal pública por crimes de abuso de autoridade contra agentes da Administração Pública?

Na Sapucaí caciques e índios de diversas etnias desfilaram com altivez e dignidade insuspeita o drama dos seus povos. A Rainha de Ramos conquistou o sétimo lugar na classificação final , mas com certeza ficou em primeiro pela bravura: “Jamais se curvar…Salve o verde do Xingu… a esperança”.

Zsa Zsa Gabor no carnaval do Rio de Janeiro de 1960

No ano de 1960, Hollywood mandou quatro estrelas de primeira grandeza para o carnaval do Rio. Kim Novak, Linda Darnell, Julie London e Zsa Zsa Gabor.

A excêntrica atriz de origem húngara, famosa pelos muitos casamentos e declarações, deixou a marca de sua imponente elegância pelos bailes que passou.

Como aconteceu com vários atores e atrizes cujas carreiras tinham começado ao logo dos anos 40/50, estrelou filmes como “Moulin Rouge” e “Lili” nos anos 1950.Zsa Zsa Gabor foi encontrando cada vez menos oportunidades nos filmes da década de 60, surgindo com mais frequência em séries televisivas. Entretanto, essa decadência ainda não se fazia sentir em 1960. Nascida em 1917, a húngara já era uma quarentona, uma atriz madura, nada que impedisse o frenesi que sua passagem pela cidade causou.

Segue o registro da passagem da atriz húngara no principal baile do teatro Municipal, o mais glamoroso da época:

Por volta de uma hora da manhã, da terça feira, a limousine de Gabor chegou ao Municipal.

Acompanhada da mãe, padrasto e acompanhante, sofreu assédio incrível dos fotógrafos . policiais estavam espalhados por todos os cantos para evitar confusões. Foi levada ao camarote do prefeito onde fez sua primeira aparição diante do público. Foi ovacionada. Subiu, também, ao parapeito do camarote e acompanhou a música, nos seus movimentos. Zsa Zsa atendeu a todos.

Durante o baile, Zsa Zsa teve a atenção desejada no balcão do camarote, onde se comportava como se estivesse no palco. Seu vestido Dior de paetês prateados e suas magnificas jóias refeletiam a luz dos holofotes que estavam todos direcionados para ela.

Esse protagonismo foi quebrado com a chegada de Kim Novak, acompanhada de Jorge Guile, ao baile. O Municipal virou palco de uma verdadeira guerra das estrelas.

Quando Zsa Zsa Gabor soube que Kim havia chegado, ela disse que a “amiga” era uma “novata qualquer”, que não lhe oferecia perigo algum. Passagem citada no livro de Evanio Alves.

A verve frasista da atriz húngara, na minha opinião, era sua faceta mais interessante. Algumas de suas pérolas:

“Não existe homem rico feio.”
“Eu não sei nada sobre sexo, porque eu sempre estou casada.”
“Eu quero um homem que seja carinhoso e compreensivo. É pedir muito, de um milionário?”
“A garota deve se casar por amor, e continuar casada até ela encontra-lo.”
“Divorciar-se apenas porque você já não ama o seu marido é quase tão idiota quanto se ter casado com ele apenas porque o amava.”
“Sou uma ótima dona de casa: sempre que me divorcio, eu fico com a casa.”
“Ser amado é uma força. Amar é uma fraqueza.”
“Um homem apaixonado é incompleto até o dia em que se casa. Então, ele está acabado”

A quase centenária atriz húngara , completaria 100 anos, em 6 de fevereiro de 2017, morreu no dia 18/12/2016. Zsa Zsa sofreu um ataque cardíaco. Estava confinada à sua casa desde 2011, quando teve uma perna amputada e outros problemas de saúde.