Julie London, uma musa “ bossa nova” no carnaval de 1960

O carnaval de 1960 foi muito prestigiado por atrizes da maior indústria cinematográfica do mundo. Dentre as divas, Julie London,, considerada a melhor cantora americana durante três anos seguidos pela revista BillBoard.

Convidada por Jorginho Guinle para participar do carnaval do Rio de Janeiro, Julie London, além de atriz, era a cantora mais prestigiada do Estados Unidos , em 1960.
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O disco que revelou a intérprete era cheio de harmonias modernas , e exerceu forte influencia nos jovens que participaram do movimento da Bossa Nova.

No mesmo ano, outras três estrelas, hollywoodianas, de primeira grandeza disputaram os holofotes do carnaval carioca: Kim Novak, Linda Darnell, e Zsa Zsa Gabor. Uma verdadeira plêiade de beldades.

Infelizmente, das quatro estrelas, Julie foi a que menos brilhou. A cantora de olhos verdes ,tristes e com um sorriso enigmático era muito tímida. A mesma timidez que acentuava sua beleza, talvez explique por que quase não foi notada na sua passagem pelo carnaval mais animado do mundo.

Os foliões elegantes davam início a peregrinação carnavalesca no baile do Copa, no sábado. Domingo a opção era o baile do Hotel Quitandinha, segunda o Municipal e fechavam na terça com o clube do Clube Monte Líbano, na Lagoa.

O primeiro dos grandes baile, o do Copacabana Palace, no sábado, contou com a presença de Julie e Linda. Com um decote super ousado, London demonstrou interesse nas explicações sobre o significado do carnaval carioca proferidas pelo cronista social João Resende, que a acompanhou no baile.

Registro inusitado, foi o momento em que usou lança-perfume. Um folião chegou junto a mesa e ofereceu uma “prise”(uma cheirada) O lança-perfume era um composto de anestésicos que provoca uma superexcitação discreta, seguida de um estado de euforia. Dito e feito, a americana aspirou e gargalhou muito. Julie , mesmo que artificialmente, aparentava felicidade.

Todas as quatro representantes de hollywood marcaram presença no baile seguinte, o do Teatro Municipal. Zsa Zsa Gabor, de vestido claro, bordado de paetês prateados da casa Dior, estava coberta de joias, foi o centro das atenções até a chegada da estrela de “Vertigo”, Kim Novak. De branco e vermelho, desviou muito das atenções da atriz húngara. Linda Darnell, , de baiana amarela, revelou bastante animação. Segundo nota do jornal Correio da Manhã: “Julie London, apesar de simpática, apagadíssima”. Passou invisível.

Incrível uma mulher tão bonita e talentosa ficar invisivel. Sim. Ok, temos que admitir que era pouco conhecida por aqui, mas, London era um escândalo de beleza até para os padrões da época. Tecnicamente, bem mais bonita que as outras três estrelas.

A sensualidade cool, elegante, de Julie London ficou eclipsada diante da explosão blondie das atrizes americanas. Kim Novak , para citar a mais animada, fugiu do baile. De calça comprida, camisa folgada e uma grande máscara preta, incógnita, misturou-se ao grupo do sereno para assistir à saída do Municipal.

A morena Linda Darnell , também não negava fogo. Acompanhada de Julie, Darnell, se esbaldou no baile do Quitandinha. London novamente parecia fora do lugar. A cantora estava praticamente a rigor, vestida para uma festa de gala, nada de fantasia. Linda, por outro lado, sempre atenta ao dress code, estava de chinesa estilizada.

Será que o carnaval não fazia parte do seu jeito bossa nova de ser? Da cidade, parece ter gostado. A cantora voltou ao Rio em 1962 para se apresentar no golden room do Copacabana Palace e fez um extraordinário sucesso.

A saber: Cinco anos depois de sua vinda ao Rio, Linda Darnel morreu queimada num incêndio,Zsa Zsa Gabor morreu de velhice aos 99 anos. Kim Novak ainda vive e a nossa Julie London, sempre muito discreta, foi surpreendida por um ataque cardíaco, no ano 2000.

Zsa Zsa Gabor no carnaval do Rio de Janeiro de 1960

No ano de 1960, Hollywood mandou quatro estrelas de primeira grandeza para o carnaval do Rio. Kim Novak, Linda Darnell, Julie London e Zsa Zsa Gabor.

A excêntrica atriz de origem húngara, famosa pelos muitos casamentos e declarações, deixou a marca de sua imponente elegância pelos bailes que passou.

Como aconteceu com vários atores e atrizes cujas carreiras tinham começado ao logo dos anos 40/50, estrelou filmes como “Moulin Rouge” e “Lili” nos anos 1950.Zsa Zsa Gabor foi encontrando cada vez menos oportunidades nos filmes da década de 60, surgindo com mais frequência em séries televisivas. Entretanto, essa decadência ainda não se fazia sentir em 1960. Nascida em 1917, a húngara já era uma quarentona, uma atriz madura, nada que impedisse o frenesi que sua passagem pela cidade causou.

Segue o registro da passagem da atriz húngara no principal baile do teatro Municipal, o mais glamoroso da época:

Por volta de uma hora da manhã, da terça feira, a limousine de Gabor chegou ao Municipal.

Acompanhada da mãe, padrasto e acompanhante, sofreu assédio incrível dos fotógrafos . policiais estavam espalhados por todos os cantos para evitar confusões. Foi levada ao camarote do prefeito onde fez sua primeira aparição diante do público. Foi ovacionada. Subiu, também, ao parapeito do camarote e acompanhou a música, nos seus movimentos. Zsa Zsa atendeu a todos.

Durante o baile, Zsa Zsa teve a atenção desejada no balcão do camarote, onde se comportava como se estivesse no palco. Seu vestido Dior de paetês prateados e suas magnificas jóias refeletiam a luz dos holofotes que estavam todos direcionados para ela.

Esse protagonismo foi quebrado com a chegada de Kim Novak, acompanhada de Jorge Guile, ao baile. O Municipal virou palco de uma verdadeira guerra das estrelas.

Quando Zsa Zsa Gabor soube que Kim havia chegado, ela disse que a “amiga” era uma “novata qualquer”, que não lhe oferecia perigo algum. Passagem citada no livro de Evanio Alves.

A verve frasista da atriz húngara, na minha opinião, era sua faceta mais interessante. Algumas de suas pérolas:

“Não existe homem rico feio.”
“Eu não sei nada sobre sexo, porque eu sempre estou casada.”
“Eu quero um homem que seja carinhoso e compreensivo. É pedir muito, de um milionário?”
“A garota deve se casar por amor, e continuar casada até ela encontra-lo.”
“Divorciar-se apenas porque você já não ama o seu marido é quase tão idiota quanto se ter casado com ele apenas porque o amava.”
“Sou uma ótima dona de casa: sempre que me divorcio, eu fico com a casa.”
“Ser amado é uma força. Amar é uma fraqueza.”
“Um homem apaixonado é incompleto até o dia em que se casa. Então, ele está acabado”

A quase centenária atriz húngara , completaria 100 anos, em 6 de fevereiro de 2017, morreu no dia 18/12/2016. Zsa Zsa sofreu um ataque cardíaco. Estava confinada à sua casa desde 2011, quando teve uma perna amputada e outros problemas de saúde.