No seu mergulho através do espelho, Alice foi parar no Baile do Municipal, no ano de 1970.Ao invés de crescer para cima, Alice cresceu para os lados. Bem mais gordinha, mas não menos interessante a musa do inglês Lewis Carroll ganhou o terceiro lugar no concurso de originalidade feminina na festa fechada mais importante do carnaval carioca. Na verdade, Wilza Carla incorporou o espírito aventureiro de uma das personagens mais importantes da literatura mundial.Todos os companheiros de Alice foram convocados para ajudar Wilza a vencer o certame: A lebre de março, o chapeleiro maluco, a duquesa,o gato de Cheshire…No momento da espera da divulgação do resultado,Entre uma marchinha e outra,Alice/Wilza divagava: Quanto tempo dura o eterno? rapidamente o coelho respondeu:as vezes apenas um segundo! apenas um segundo! Entretanto,eu que testemunhei e sou o responsável por esse relato, posso afimar que o eterno pode se estender por décadas ou séculos…A prova está na publicação dessa postagem.Apesar de não ter conquistado o primeiro lugar, a loucura de Wilza Carla em dedicar a sua existência para encantar os outros vivendo os outros, sobrevive aqui.Wilza morreu em junho de 2011, mas sua arte resistirá através dos tempos…

Tão perdida quanto Alice,tão louca quanto o chapeleiro.
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Muitos Carnavais
Sou um amante do carnaval e da nossa cultura popular. Não sei precisar minha memória mais antiga da folia carioca. Mas tenho recordações muito antigas: Unidos de São Carlos desfilando pelas ruas do Estácio e seus sambas antológicos, sua ala de nobres, das baianas da Mangueira, da comissão de frente do Império no primeiro desfile que assisti – Alô alô taí Carmem Miranda. O Salgueiro com seus necessários enredos afros. Lembro do bloco de piranhas (de verdade) que saía da zona de prostituição do mangue. Lembro das negas malucas, do bafo da onça, do chave de ouro. A transmissão dos desfiles de fantasias pela TV, Wilza Carla, Elói Machado, Evandro,Bornay... E os bailes do Diabo? America até no carnaval (sou america). As negas malucas, a baianas com chapéu cônico. Saber de ouvir falar do baile do Municipal, Horrores,Enxutos. As caminhadas na Avenida Rio Branco com seus blocos do eu sozinho. Não sei se por nostalgia ou por vício do ofício , sou professor de história, mas é tudo isso que dança na minha memória quando penso em carnaval. Ver todos os posts de Muitos Carnavais