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Tijuca 2019: Lobo na pele de cordeiro – Sonhos de Carnavais

Tijuca 2019: Lobo na pele de cordeiro

Quarenta dias antes da Páscoa, acontece o carnaval. Uma comemoração pagã, que de certa forma remete-se ao calendário religioso. Após a festa da carne têm início a Quaresma.

Por outro lado, na origem do samba e das escolas de samba, encontramos o candomblé.

A religião sempre esteve relacionada aos festejos momescos. É indissociável.

Entretanto, nem sempre temas, explicitamente, religiosos funcionam. Nos desfiles das escolas de samba o tema sacro pode reavivar a origem processional da liturgia do desfile e tranformar o cortejo pagão algo muito próximo de um cortejo religioso.

Se o carnavalesco errar na mão, essa interface delicada entre o profano e o sagrado pode, sutilmete, reavivar o caráter ceremonial da apresentação.

Talvez tenha sido esta, a razão da escola ter ficado apenas com a sétima colocação, em 2019. Um tema de fácil compreensão: “Cada macaco no seu galho. Ó, meu Pai, me dê o pão que eu não morro de fome!”,ganhou uma forte marca bíblica.Nao deu liga.

Fazia parte do enredo “traçar uma relação metafórica do pão com a fome e a religiosidade, pois ele alimenta o corpo e a alma“.

As encenações à frente de cada alegoria, criadas pelo ator e diretor Jan Oliveira, provocaram impacto e controvérsia. “Cristo carregando a cruz” e sendo açoitado, que estava na frente da alegoria “Multiplica o sagrado pão”, onde nas laterais senhoras vestidas de Nossa Senhora cantavam o samba em tom de clamor em direção do público. Para alguns, o recurso foi utilizado de forma excessiva.

O samba, feito em feitio de oração, abusou no tom de súplica. Um dos jugadores considerou equivocado esse caminho. Considerou que a composição: “em alguns momentos funciona bem; em outros, parece criar um conflito com o perfil pagão do carnaval e atmosfera de louvor imposta pela letra“.

Os julgadores apontaram, também, um certo clima de “austeridade” no canto, pois o samba “foi todo composto em tom menor, com escalas descendentes”.

Para finalizar, a Tijuca também teve uma uma preocupacão em abordar o tema dentro de uma perspectiva política. Abordagem quase obrigatória nos desfiles das escolas do Rio de Janeiro, nos últimos anos. O samba enredo, em descompasso, passou alheio à esse engajamento.

Jesus voltará a Sapucaí em 2020, vamos ver se vai dar samba.

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Muitos Carnavais

Sou um amante do carnaval e da nossa cultura popular. Não sei precisar minha memória mais antiga da folia carioca. Mas tenho recordações muito antigas: Unidos de São Carlos desfilando pelas ruas do Estácio e seus sambas antológicos, sua ala de nobres, das baianas da Mangueira, da comissão de frente do Império no primeiro desfile que assisti – Alô alô taí Carmem Miranda. O Salgueiro com seus necessários enredos afros. Lembro do bloco de piranhas (de verdade) que saía da zona de prostituição do mangue. Lembro das negas malucas, do bafo da onça, do chave de ouro. A transmissão dos desfiles de fantasias pela TV, Wilza Carla, Elói Machado, Evandro,Bornay... E os bailes do Diabo? America até no carnaval (sou america). As negas malucas, a baianas com chapéu cônico. Saber de ouvir falar do baile do Municipal, Horrores,Enxutos. As caminhadas na Avenida Rio Branco com seus blocos do eu sozinho. Não sei se por nostalgia ou por vício do ofício , sou professor de história, mas é tudo isso que dança na minha memória quando penso em carnaval.